O fogo arde os olhos, a fumaça irrita as gargantas, o Brasil incendeia e o tema apocalipse é lembrado por mentes atentas. Os meios de comunicação se equilibram entre a morte e o lucro. O neoliberalismo é para quem pode. Ninguém precisa saber que o agro não é tão pop assim.
A simbologia é evidente. Quem coloca fogo? Por 100 reais, alguém subnutrido passa de bicicleta com gravetos em chamas e acende a mata seca. Ou pode ser também uma bituca de cigarro arremessada com estilo por um cowboy em um carro do último tipo. Quem tem sentido apurado enxerga.
A mata está seca porque a terra aqueceu — a despeito dos alertas — e o fim nos parece perto. Fim da terra? Ou da nossa consciência como seres imortais? A “regeneração” não veio, “seres galácticos” não convenceram, mensagens de “outros mundos” são primárias. Médiuns fazem caras e bocas. Falhamos? Ou cada um tem uma hipótese ao fechar a janela da realidade?
Nas casas espíritas, disfarçam indiferentes: “olha como é linda a lua vermelha de poluição”. Nas redes espíritas religiosas, o tema é evitado: “tenham fé que tudo vai dar certo”. Um vídeo, um post, uma mensagem de autoajuda: “a salvação está próxima”.
Respostas ardem. O que queima é a alienação diante dos desafios da sociedade; onde queima é dentro e fora da realidade, a criar simulacros de pensadores; por que queima é o que muita gente quer ignorar. “Não olhe para cima, não olhe para os lados, concentre-se nas escrituras”, dirão os desavisados — nem todos.
Tudo está perdido — ou não?
Imagem dde Moshe Harosh - Pixabay |