Mães Especiais, por Edson Figueiredo de Abreu

Tempo de leitura: 5 minutos

Mães que amam além do preconceito social. Solitárias e incompreendidas, mas determinadas e amorosas mães!

Chamo de mães especiais, àquelas mulheres que tiveram a coragem de trazer ao mundo físico crianças diferentes, chamadas de excepcionais, que são vistas pela maioria das pessoas como anormais. Crianças que, de alguma forma, possuem alguma necessidade especial e, por isso mesmo, são difíceis de manter, por demandarem muita atenção, cuidados especiais e dedicação amorosa.

Isso não quer dizer que eu não ache que as mães em geral sejam especiais, porque eu também acredito nisso. Afinal, ser mãe é realmente uma tarefa magnifica e dignificante, que merece toda a atenção e homenagens possíveis. Porém, as mães de crianças excepcionais, principalmente aquelas que cuidam de seus filhos com zelo e dedicação, são realmente diferentes e por isso merecem ser homenageadas também de maneira diferente, com toda atenção, intensidade no carinho e amor que pudermos dedicar-lhes.

Isso porque a vida delas não é fácil, já que renunciam a muitas coisas para se dedicarem a seus filhos, os quais, na maioria das vezes, são rejeitados e não aceitos pela sociedade. Aliás, muitas destas mães também são rejeitadas pela sociedade, que infelizmente as condena com um olhar desdenhoso e preconceituoso, como se elas fossem as culpadas por seus filhos serem diferentes. E, infelizmente, ser diferente neste mundo de mesmices e padrões ditados pelo preconceito, é candidatar-se ao sofrimento sem culpa direta.

No nosso dia a dia, não é raro estas mães e seus filhos serem vistos com olhares malsãos, enviesados e carregados de repulsa e aversão. Na via pública, já vi pessoas se afastarem, atravessarem a rua ou mudarem a direção apenas para não cruzarem com uma mãe que caminhava com seu filho considerado por muitos como problemático. Também já vi algumas destas mães e seus filhos receberem olhares acusadores e cobradores, isso quando não são olhares de pena ou compaixão, como se as pessoas tivessem o direito de se travestirem de juízes, os quais determinam que Deus está punindo essas criaturas por serem pecadoras.

Peço a você que pense comigo: Será que Deus realmente castiga estas mães com seus filhos diferentes porque são pecadoras e merecem punição? Na verdade, as pessoas não percebem que ao pensarem assim, estabelecem para Deus parâmetros de sentimentos humanos e tão falhos quanto os seus próprios. É, então, um Deus que castiga porque seu amor não é suficiente ou porque se sente de alguma forma ofendido por não ser obedecido ou ainda pelas livres escolhas dos seus filhos, aos quais outorgou a capacidade de pensar, decidir e agir por conta própria. Um Deus arrependido da sua criação!

Quem pensa assim, na verdade, são aquelas pessoas que abandonariam seus filhos se estes fossem excepcionais, aliás, como muitas mães e pais realmente o fazem. E neste sentido, há que se ressaltar que muitos covardes e fracos pais agem assim, deixando a carga inteiramente para a mãe.

Infelizmente até no meio espírita nós temos pessoas que pensam assim. Pessoas que, por não estudarem adequadamente a Doutrina Espírita, observam a situação destas mães com um olhar raso e estreito de vergonha, castigo, dor, punição, sofrimento, resgate etc. Mães que, no seu entender, devem de sofrer porque foram pecadoras e agora estão pagando por seus erros de vidas passadas. É seu carma, dizem rasteiramente!!
No entanto, eu não vejo desta forma!

E vou explicar o porquê, focando, principalmente, nas necessidades reencarnatórias das mães e não na dos filhos excepcionais, os quais podemos “deduzir”, estão, na sua maioria, em uma espécie de resgate ou expiação terrestre e, até mesmo em aprendizados, em alguns casos. Lembrando que, segundo os Espíritos elevados em O livro dos Espíritos, o espírito de uma criança excepcional, seja esta excepcionalidade de qualquer grau, pode ser na realidade um espírito bem capacitado e as vezes mais inteligente do que nós mesmos. O que o impede de manifestar-se livremente e na plenitude de suas faculdades é o corpo físico que possui alguma anomalia, que, por sua vez, foi pré-determinada antes do reencarne. (vide questões 373 e 374 de O livro dos Espíritos).

Os Espíritos superiores também disseram que os espíritos reencarnam para sua evolução e novos aprendizados, além de provas, expiações, resgates e até missões específicas (questões 258 a 273 de O Livro dos Espíritos). Assim sendo, podemos interpretar, porém, sem efetivamente afirmar, que normalmente as escolhas são feitas no plano espiritual antes do reencarne, com uma possível assessoria de espíritos mais elevados e experientes (os popularmente chamados mentores). E, para que ocorra o reencarne do espírito, é necessário também um acordo prévio com seus futuros pais biológicos ou mesmo aqueles que assumirão a criança na falha ou falta destes. Neste caso, podem ser os avós, um parente próximo ou até mesmo um casal estranho à criança que venha a adotá-la. Então, são “raros” os reencarnes que “não passam” por todo esse processo de concordância e acertos prévios entre todos os envolvidos. Eu, particularmente, não acredito em reencarnes compulsórios.

Neste sentido, ocorrem reencarnes que atendem a necessidades especificas do espírito e outros que “somados” também atendem a necessidades dos pais, principalmente das mães, haja vista que, na vida física, normalmente são elas que assumem a maior carga. Assim sendo, observando alguns comportamentos do dia a dia, podemos “deduzir” e “especular” quais as mães que estão vivenciando cada uma das situações citadas acima de: “provas”, “resgates”, “expiações”, “aprendizados” ou “missões”, a saber:

a) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e depois a “abandona”, pode ter assumido um compromisso com aquele determinado espírito antes do reencarne do mesmo, mas, por diversas razões, sendo a maioria delas oriundas das necessidades e preconceitos da vida física e a não observância das leis de “Sociedade” e “Justiça, Amor e Caridade”, não suporta a carga e declina do seu compromisso. “Aqui não podemos deixar de citar a responsabilidade compartilhada do pai, que normalmente é o primeiro a declinar, comprometendo-se para o futuro – causa e efeito – e aumentando a carga da mãe”;

b) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e a “mantém sob seus cuidados”, mas reclama de tudo e se sente desconfortável com esta circunstância, pode estar em uma possível situação de prova ou expiação, porém não está entendendo, aceitando e talvez não suportando o encargo, como foi planejado anteriormente. A vergonha e o sofrimento com que lida com a situação espelha justamente a sua expiação. É bem provável que, pela falta de compreensão e apoio da sociedade, ela venha também a declinar do seu compromisso;

c) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e a “mantém sob seus cuidados”, com atenção, amor, carinho, dedicação, tratando seu filho como trataria um filho “dito” normal, também pode estar em situação de compromisso, o qual entendeu e aceitou de bom grado conscientemente. Esta mãe tem grandes probabilidades de completar com êxito seu compromisso prévio.

A situação desta mãe também pode representar uma missão de aprendizado ou ainda uma missão de uma tarefa específica. Talvez ela nem tenha compromissos com aquele espírito, mas decidiu, em uma ação de benemerência, aceitá-lo como filho para ajudá-lo na sua evolução, assim como também aprender com ele. Lá no seu íntimo, apesar da carga e da incompreensão do mundo à sua volta, ela se sente recompensada e feliz com sua missão de mãe, independentemente das limitações físicas do filho e dos olhares acusadores da sociedade.

Eis a razão por que eu acho que estas mães são realmente especiais! São espíritos fortes, amorosos e equilibrados, invariavelmente espiritualizados e muito conscientes de suas obrigações e deveres. É por isso que eu acredito que elas devem ser encaradas e tratadas pela sociedade de forma diferente das demais mães.

São pessoas que, ao contrário do que se pensa, tem de ser admiradas e valorizadas pela sua coragem, dedicação, desprendimento e amor incondicional. Também porque, neste mundo extremamente materialista e consumista, são muito poucas as pessoas que conseguem isso. É isso que as torna especiais, pois a tarefa à qual se dispuseram realizar é para poucos, e mais, são poucas também as pessoas que a concretizam com sucesso!

Encerro este artigo externando minha profunda admiração e respeito a todas essas mães especiais, principalmente aquelas que cuidam de seus filhos excepcionais com amor, carinho e dedicação. Parabéns para vocês, pois apesar da incompreensão do mundano mundo, seguem firmes no seu amor incondicional aos filhos classificados como especiais, mas, na realidade, creiam, especiais são vocês.

Solitárias e incompreendidas, mas determinadas e amorosas mães!

Mães que amam além do preconceito social.

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

3 thoughts on “Mães Especiais, por Edson Figueiredo de Abreu

  1. Obrigada pelo texto. Meu filho ficou especial aos dois anos hj ele tem seis. Eu não namoro, não trabalho, cuido somente dele. O pai não quis saber em a família por completo. Minha mãe que me vê como inimiga e usa ele contra mim de todas as maneiras terríveis sempre me agrediu, msm assim não abro mão do meu filho, não sei até quando ele ficará aqui mas eu estarei com ele sempre. Eu o amo mais que tudo, e se assim escolheu, e me escolheu sou abençoada por isso. Não é fácil, nenhum pouco, mas sim para mim é gratificante saber que ele me escolheu. Não sinto que se matou, ou que tenho dívida c ele, sinto que escolheu vir assim e sinto q me escolheu pq eu não o abandonaria. É isso q meu coração diz. E sofro mto pq queria vê-lo saudável em seu corpo físico. Como mãe sempre esperarei todos os dias por melhora e milagre. Espero que seja a vontade de Deus, se assim não for eu estarei sempre aqui p ele. Eu sei o que é ser abandonado, eu jamais abandonaria ele. Gratidão pelo texto fiquei muito feliz,.

    1. Obrigado por compartilhar. Preciso fazer uma apresentação sobre ser mãe, e desejo ter o prazer de compartilhar sua história …
      Obrigado .

    2. Eu tenho duas filhas lindas!
      A minha filha mais velha a Eidykelly precisa de cuidados especiais, ela teve ipoxia no parto, essa falta de oxigênio deixou sequelas irreversíveis no cérebro a deixando com grandes limitações dependendo de cuidados e ajuda pra se locomover, comer, ajuda nas atividades da vida diária em geral, quando ela tinha um ano a neurologista falou que ela não tinha mais nem três meses de vida e deu alta pra ela, fiquei paralisada, arrasada, continuei cuidando, a Eidykelly hoje tem 25anos, eu faço o meu melhor com o que tenho, e sempre esperando o melhorar pra fazer melhor ainda, passei por várias fases, e cada fase um aprendizado pra melhorar na próxima fase, errando, aprendendo melhorando o importante é não desistir, o importante é ela estar comigo e crescer todo mundo junto a família toda.

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