Por Henri Netto
Ao invés de aprendermos com os erros, permanecemos sendo levados pela emoção, deixando a lógica e a razão de lado.
Há muitos anos, estava bastante envolvido com as leituras sobre o Jesus histórico, lia Bart D. Ehrman e mergulhava nas discussões relativas às distorções na mensagem do Nazareno, provocadas por séculos de interesses políticos e religiosos, em que se colocavam frases e conceitos na “boca” de Jesus. Desde as investigações científicas realizadas com o Sudário de Turim me sentia atraído por esse assunto e ao mesmo tempo chocado com a capacidade do homem de contar histórias como estórias – e estas com nítido interesse pessoal.
O fato é que os Evangelhos foram adulterados, e além disso, trazem a marca do texto sagrado de Deus e verdade ABSOLUTA do dogma religioso. No meio desta história vemos uma batalha entre aqueles que querem provar a sua “verdade” contra aqueles que afirmam que a verdade deles é a que é absoluta.
Lutam pelo interesse pessoal de mostrar que são donos da verdade. E que NADA mais importa. Por volta do ano de 2017 veio à tona a polêmica da adulteração de “A Gênese – Os milagres e as predições segundo o Espiritismo”, e com ela veio uma batalha de opiniões pessoais no meio espírita. Documentos foram descobertos e surgiram os “historiadores” tentando recontar a história do Espiritismo.
À medida que as pesquisas se aprofundaram as opiniões pessoais se acirravam e surgiu o cisma dos egos espiritas, nada mais controverso do que isso.
A LIBERDADE de pensamento e a caridade desinteressada é a pedra fundamental do Espiritismo, e os adeptos esqueceram disso para lutar pela VERDADE.
Mas e quanto as evidências? A grande esmagadora maioria dos adeptos nunca leram o livro “A Gênese” e nem, tampouco, a obra de Kardec por estarem envolvidos com misticismos religiosos e livros mediúnicos que, para Kardec, não passam de opinião pessoal e não tem valor doutrinário nenhum.
O que pensar, então, de muitos textos anunciados como sendo de Kardec, sem quaisquer verificações científicas de autenticidade, como exames grafoscópicos? O que pensar de documentos adquiridos através de “compra” – sabemos que existe um mercado negro de relíquias em Jerusalém, que deixa os arqueólogos de cabelo em pé; será que não existe isso em outros lugares?
Estamos cometendo o mesmo erro de sempre, levados pela emoção típica do estilo tupiniquim deixando a lógica e a razão de lado. Repetimos, com os textos “achados” de Kardec o mesmo que os romances mediúnicos fizeram com o Espiritismo.
Qual a saída? Estudar os textos e, de preferência, comparando sempre os originais dos textos em francês. Essa é a única saída, a única opção para não adulterarmos a obra de Kardec como adulteraram a mensagem de Jesus.
Liberdade de pensamento e caridade tal como entendia de Jesus é fundamental. Lamentavelmente o movimento espírita não tem seguido os fundamentos da Doutrina Espírita.
Muito bem Henri Neto, o seu texto é bastante instrutivo e chama a atenção para a reflexão sobre a diferença entre a verdade exposta pelos cientistas e aceitação de tudo o que vier sem qualquer tipo de questionamento. A fé não pode ser cega..estamos no século XXI, esta matéria como outras tantas ainda é pensada como na Idade Média. Grata.