Marcelino Freire
Ontem, segunda-feira, na posse americana do Cara de Bronze. Ou melhor: do Cabeção da Era de Ouro. O inferno era frio. Não havia alegria. Ninguém dizia “que emocionante”. Na posse do outro presidente em 2021 eu me lembro: a palavra “diversidade” dava o tom. “Igualdade” era sentida. Mesmo que em 2021 fosse boa parte encenação. Ainda havia teatro. Agora tudo sumiu.
De propósito só se falava de carro. De gasolina. De perseguição. De fechar em vez de abrir portas. De muros em vez de horizontes. Só se exaltava o mundo masculino. E o mundo feminino nem mostrava o rosto. Era uma primeira dama (nunca gostei dessa alcunha) submissa embaixo de um chapéu.
A ordem mundial é essa: zero empatia. Nada de demais sexos. Nenhum desejo. Nenhuma arte. Morte à poesia. E à subjetividade. No filme “Ainda estou aqui” é bem notório o sequestro que os fascistas fazem da casa onde antes era verão, infância, cachorro na praia, dança de pai com a filha, jogo de pebolim, música na vitrola. Ave nossa!
Estamos perdidos. Aliás, façamos da nossa arte a nossa vitória. O tom é este. Daremos ao mundo o que eles querem que a gente esqueça. Cinema, pintura, literatura…
A emoção ainda está aqui. Salve e salve a beleza!
Palavras que aquecem os corações de quem, como eu, acredita que a paz vence a guerra e o amor vence o ódio.
Seremos resilientes, sem esmorecer, acreditando que tudo passa, até as tempestade mais feias, não baixemos os braços. Após a tempestade virá a bonança. Como todos sabemos as mentes sombrias são normalmente mais arrojadas e fazem mais escarcel, mas as que trabalham sob a Luz, são como as formiguinhas, trabalham afincadamente com perseverança e honestidade para que a transformação seja progressiva e inclusiva. Aguardemos com serenidade os tempos de Luz. O nosso Mestre ensinou-nos a perseverar no Bem.