José Edson F. Mendonça
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“Porque a todo aquele, a quem muito foi dado, muito será pedido, e ao que muito confiaram, mais contas lhe tomarão”.
(Lucas, XII: 47-48.)
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A experiência da vida humana é circunstanciada por livres decisões concedidas pelas Leis Divinas, contudo essas escolhas geram consequências boas ou desagradáveis, ensejando um estado feliz ou de sofrimento. O que, por sua vez, reflete o grau de sensibilidade moral e consciencial do ser, no que concerne à sua compreensão da Lei de Amor, onde quer que ele esteja: aqui, ou no mundo normal primeiro – nosso habitat natural – o Mundo dos Espíritos.
Neste contexto, nós somos o que pensamos, sentimos, desejamos e fazemos e, assim, geramos emanações fluídicas energéticas que revelam a nossa real identidade espiritual, que é única.
Destarte, nos tornamos inteiramente responsáveis por tudo aquilo que exala de nós, que nos é inerente e nos qualifica, conscientes sejamos, ou não, dessa realidade. Pelo “determinismo” das Leis Naturais, tudo o que semeamos – cada movimento, cada intenção –, teremos inexoravelmente de colher, pois, não há causa sem efeito e nem efeito sem causa.
Outrossim, o paradigma espírita nos ajuda a entender a lógica racional do existir e do viver e do como buscar a harmonia com as leis de Deus que a tudo regem.
No livro “Autonomia”, de Paulo Henrique de Figueiredo, extraímos o seguinte trecho, no qual ele narra que
“Allan Kardec definiu os conceitos de uma inovadora teoria moral, presente no Universo, depois de muitos anos de pesquisas, milhares de diálogos com Espíritos nas mais diversas fases evolutivas, e recebendo o ensinamento dos Espíritos superiores, a partir de mais de mil fontes diversas, consagrando a universalidade de seus ensinos… Então, os Espíritos, quando já conscientes dessa realidade, percebem que são responsáveis pelo planejamento do seu progresso e passam a participar do processo de escolha das provas, pedindo para vivenciar determinadas situações, como instrumentos para alcançar seus objetivos. Kardec acrescenta, que o Espírito que sofre sem compreender a causa, considera seus infortúnios como castigo, no entanto, enfatiza que os grandes desafios que enfrenta, não são castigos, mas oportunidades para despertar e compreender que só deixará de sofrer moralmente quando superar suas imperfeições”.
Por outro lado, em “A Gênese” (Capítulo III, “O bem e o mal”), Kardec esclarece que o instinto enfraquece à medida que a inteligência se desenvolve, porque domina a matéria. Com a inteligência racional, nasce o livre arbítrio que o homem usa à sua vontade: então, e aí começa para ele a responsabilidade de seus atos. Essa é a verdadeira justiça divina segundo o Espiritismo, a mais ampla condição de liberdade e responsabilidade individual, onde o Espírito é o árbitro de si mesmo.
Concluindo, é muito significativo saber que a compreensão e internalização gradual desse novo conceito moral nos permitirá alcançar, aos poucos, importantes objetivos, tais como, a serenidade do entendimento, a tranquilidade do justo e a paz do Espírito.
Referências:
FIGUEIREDO, P. H. Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo. São Paulo: FEAL, 2019.
KARDEC, A. A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Obra Original de 1868. Trad. Carlos de Brito Imbassahy. São Paulo: FEAL, 2021.
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