Pedro Gregori
O corpo vem do corpo, mas o espírito vem de Deus. Toda oportunidade de reencarnação é aproveitada pelos organizadores do plano maior.
Há muito tempo, os cientistas sonham com a possibilidade de produzir um corpo humano a partir de uma célula doadora diploide. O espermatozoide e o óvulo possuem 23 cromossomos (células haploides) e quando se unem, restauram o total de 46 cromossomos das células diploides, isto é, que carregam a informação genética completa do indivíduo.
Muitos filmes de ficção foram produzidos sobre a clonagem humana, como vimos em “Meninos do Brasil”; que foi o mais contundente por trazer à humanidade a ideia de que uma vez utilizada a carga genética (genótipo) e submetendo o indivíduo clonado a um ambiente igual ao do doador (influência do ambiente= fenótipo), tal resultaria em uma pessoa idêntica ao doador (ou imaginava-se ser o próprio doador retornando à vida).
Evidentemente que, enquanto tecnologicamente a ciência caminha a passos largos, espiritualmente, apenas engatinha. Consideramos uma inocência do ser humano achar que a reencarnação, neste caso, utilizando-se de caminhos alternativos, usando corpos clonados, utilizaria espíritos também clonados. A ideia leiga é que, reproduzido o corpo, nele voltaria seu antigo “dono”.
A reprodução humana certamente passará por mudanças consideráveis ao longo dos próximos séculos, por isso não devemos nos surpreender com a clonagem do corpo humano e mesmo com as gestações em ambientes extrauterinos.
Nenhum desses avanços substituirá os planos reencarnatórios das criaturas. Portanto, não importa a forma como voltamos a este plano e sim a jornada que teremos que percorrer, pois o corpo é um conjunto de células formadas basicamente de carbono, hidrogênio e oxigênio (matéria), mas que só existem se tiverem vida. Quem dá vida à célula é o Espírito, que ensina a cada molécula da célula qual é o seu papel (através dos cromossomos).
O corpo vem do corpo, mas o Espírito vem de Deus. Toda oportunidade de reencarnação é aproveitada pelos organizadores do plano maior. Seja um breve contato com a matéria, como nos abortamentos precoces, seja nos embriões congelados que aguardarão seu destino nos tanques de nitrogênio líquido por muito tempo.
Portanto, se um corpo humano for clonado a partir de uma célula de alguém já desencarnado, certamente será designado um Espírito para dar vida àquele corpo, mas pouco provável seja o do doador da célula. Mesmo que fosse deste, seria uma nova vida e uma nova missão. A vida não se repete. Atentem para a vida de gêmeos univitelinos, clones perfeitos que a natureza mesma se encarregou de produzir corpos iguais habitados por Espíritos, no mais das vezes completamente diferentes.
Allan Kardec, então, em “A Gênese” (“Caráter da Revelação Espírita”, item 10), arremata:
“Só os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão de transmiti-la; mas, sabe-se hoje que nem todos os Espíritos são perfeitos e que existem muitos que se apresentem sob falsas aparências que levou S. João a dizer: ‘Não acrediteis em todos os Espíritos; vede antes se os espíritos são de Deus.’ (Epíst. 1ª, cap. IV, v. 4.).
Pode, pois, haver revelações sérias e verdadeiras como as há apócrifas e mentirosas. O caráter essencial à revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita à codificação não pode emanar de Deus. É assim que a lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem enquanto que as outras leis mosaicas, fundamentalmente transitórias, muitas vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu. Com o abrandarem-se os costumes do povo, essas leis por si mesmas caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou sempre de pé como farol da Humanidade. O Cristo fez dele a base do seu edifício, abolindo as outras leis. Se estas fossem obra de Deus, seriam conservadas intactas. O Cristo e Moisés eram os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo e nisso está a prova da sua missão divina. Uma obra puramente humana careceria de tal poder.”
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