A falta do Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos nas obras mediúnicas brasileiras, por Luciana Franco

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O método de Kardec visa justamente o diferencial que a Doutrina traz sobre todas as demais: a fé raciocinada. Pois ele nos dá a segurança científica necessária da universalidade das opiniões. Uma coisa é você acreditar pessoalmente; outra é você acreditar doutrinariamente. Isto faz muita diferença.

Realmente o CUEE é mesmo um “certificado”. Querendo nós ou não, mesmo ironizando ou debochando… É mesmo um “certificado”.

Vou fazer uma comparação, para ficar mais fácil e podermos sair de algum desconforto gerado pela má interpretação do que vêm a ser o CUEE, e as obras sem esse método.

Você conhece o certificado de qualidade dos cafés, não é? Aqueles que vêm na embalagem e nos dão garantia de que o café é de qualidade, certo?

O sujeito que quer abrir uma fábrica de café, ele busca adequar sua produção aos moldes ideais de qualidade, normas elaboradas por quem entende de café e de qualidade de vida, para a segurança e bem-estar do consumidor, dessa forma ele consegue o selo. O que não passar, vende, mas só pros que não se importam de ser enganados, já sabem que pode ter ali mais serragem que café, e mesmo assim querem comprar, problema é deles.

Tem também os cafés moídos na hora, não é? Não possuem selo de qualidade. Mas, no entanto, são mais puros que os industrializados, que possuem a certificação, não é?

Se não tivessem esse selo de qualidade nos cafés, como saberíamos qual o café bom e qual o café ruim?

Tínhamos que entender do sabor do café e prová-los para saber diferenciar, não é?

Kardec deixou uma norma de qualidade para as produções mediúnicas, isso é bem claro. A obra que não tiver esse “certificado” deve ser provada para ver se tem muita serragem entre o café. Isso, em absoluto, não quer dizer que ela não possa ser como o café moído na hora… Pode não ter nenhuma serragem, mas para sabermos temos que provar e conhecer café. E isso não seria necessário caso tivesse o selo, certo? Qualquer leigo em café poderia ter segurança de estar tomando um bom café, não é mesmo?

Algumas obras têm, sim, um pouco de serragem entre o café… Mas nada que o impeça de ser chamado de café… Porque a maioria de seu conteúdo está sob a visão da Doutrina. Tem muito mais café de serragem, e são obras espíritas, sim, apesar de não terem CUEE.

Existem obras que são tão puras, que poderiam mesmo ter o “selo”, como se tivessem um CUEE por tabela.

Agora – e o problema está aí – quando algo novo surge, e o médium não passa a informação pela norma de Kardec, não pode dizer que sua obra é espírita, pois para que aquela informação seja aceita como doutrinária, ela não precisa estar igual ao que está nas obras básicas, mas ela precisa passar pelo método chamado CUEE.

É dessa forma que poderemos renovar a doutrina, e poderemos adicionar novas informações à codificação.

Sem fazer isso, não tem jeito! Pois seria muita leviandade e acarretaria em muitos riscos para a Doutrina, que perderia de imediato a característica de Ciência. Deixava de ser Espiritismo, para ser mais uma doutrina de fé cega.

O método de Kardec visa justamente o diferencial que a Doutrina traz sobre todas as demais: a fé raciocinada. Pois ele nos dá a segurança científica necessária da universalidade das opiniões.

Uma coisa é você acreditar pessoalmente; outra é você acreditar doutrinariamente. Isto faz muita diferença. Um cientista pode acreditar que existe vida em outros planetas (a maioria), mas isso ainda não é oficial, pois ainda não conseguiram provar, e sem provar que a maioria sabe que é verdade, continua sendo opinião dos cientistas e de quem mais quiser acreditar, mas não pode entrar na ciência oficial, pois estas têm normas a serem seguidas, que foram criadas para nossa segurança e bem-estar.

A Doutrina Espírita é também ciência, sua força está aí. E ela tem essa norma, que não pode ser deixada de lado, pois ela é uma segurança para nossa fé raciocinada.

Quando ela diz que não podemos adotar uma opinião pessoal, mesmo que do mais nobre espírito, como opinião doutrinária, ele diz que fazer isso seria tirar da Doutrina Espírita a sua força. Que está, justamente, na parte que une a ciência à religiosidade.

O CUEE é o método científico da produção mediúnica.
O médium que não quiser fazer CUEE para suas produções mediúnicas, não pode publicar sob o nome do Espiritismo, as novas informações que surjam. Isso que o Chico fazia, a Yvonne, o Divaldo, etc.

As obras desses médiuns não tiveram CUEE, mas estão sob a Doutrina, no papel de comentá-la, analisá-la, nos ajudando a refletir sobre o que os Espíritos trouxeram.

Não são obras “complementares”, não completam a Doutrina Espírita (essas só as que tivessem CUEE para as novas informações que iriam completar as que já têm).

O que elas fazem é dissecar, analisar a Doutrina Espírita, dar vários ângulos (o ângulo de visão de André Luiz, de Emmanuel, de Joanna, etc.), podem nos dar consolo, lições, roteiros. Mas tudo deverá estar de acordo com a visão já existente.

Alguma coisa, então, passou, não estando de acordo, pois que estes médiuns não nasceram sabendo tudo sobre Doutrina, foram produzindo e estudando Doutrina Espírita ao mesmo tempo.

Portanto amigo, cabe à disciplina dos médiuns em fazer o CUEE, para a renovação da Doutrina. Kardec sempre disse que tínhamos que deixar a Doutrina Espírita tête-à-tête com a ciência… Se isso não acontecer e estamos estagnados, foi porque os médiuns não andam fazendo o dever de casa que nosso Codificador deixou para eles fazerem.

E aí, nós leitores, estudiosos, expositores, educadores, etc., temos que estudar muito as obras básicas, analisar tudo, e esperar a ciência para provar as novas informações que devem ficar na geladeira.

Infelizmente, pela falta do CUEE, as novas informações devem aguardar a ciência, em vez de andar ao lado dela, que era o ideal de Kardec.

Pessoalmente, relutei muito em entender o CUEE. Achava que as pessoas estavam implicando, que eram fundamentalistas, que estavam com inveja de Emmanuel e mais um monte de coisas. Quando entendi que tais obras mediúnicas têm o mesmo valor de sempre, já que o papel delas não era “complementar” (isso foi erro NOSSO, dos espíritas, em dar essa denominação a elas) a Doutrina Espírita, mas, sim analisá-la, explicá-la, entendi que nem Chico, nem Divaldo, etc., não estavam fazendo mal. Pois o papel deles era trazer as opiniões dos Espíritos sobre a nova Doutrina que surgiu.

Tenho certeza que se eles tivessem que trazer complementos à Doutrina Espírita, Emmanuel e Joanna, comprovadamente espíritos superiores, sempre presentes, os teriam “obrigado” a fazer o CUEE.

Por isso, acredito que a complementação da Doutrina Espírita ainda não chegou, e que os médiuns que trazem tais novidades sem passá-las pelo CUEE que estão sendo indisciplinados e provados. E nós, seremos irresponsáveis em acreditar com a fé cega, porque a força da Doutrina Espírita está na fé raciocinada!

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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