A Inteligência Arficial e a sua possibilidade diante do Espírito, por Antônio Aurélio Cassiano

Tempo de leitura: 3 minutos

Antônio Aurélio Cassiano
Escritor, poeta e historiador. Triunfo – PB

Animus é originário do latim, e era usado para descrever ideias como alma racional, vida, mente, poderes mentais, coragem ou desejo. No início do século XIX, animus era usado para significar “temperamento” e era tipicamente usado em um sentido hostil. 

Em 1923, começou a ser usado como um termo na psicologia junguiana para descrever o lado masculino das mulheres.

Termo da moda e altamente em voga, a AI – inteligência artificial, remonta a tempos mais longíquos do que imaginamos. Há quem diga até que é possível identificá-la ainda na Grécia e Roma antigas em máquinas e equipamentos em uso na época, porém, oficialmente se considera seu nascimento em 1936, com a Máquina de Turim, criada pelo britânico Alan Turing.

 Tratava-se de um dispositivo capaz de executar processos cognitivos, desde que os passos fossem fatiados em pequenas etapas individuais representadas por um algoritmo, porém, o termo inteligência artificial foi criado em 1956, durante a Conferência Dartmouth.

Desde a criação de Turing, até os dias atuais, a inteligência artificial evoluiu e atingiu níveis de sofistificação jamais imaginados. Fruto da evolução de várias ciências, hoje está presente em nosso cotidiano, em utilizações que nem supomos como, por exemplo, na computação, na medicina, na indústria automotiva, só para citar alguns. 

Algo dado como irreversível e que afeta profundamente nosso modo de vida sobre a Terra, é também um conceito que nos interessa ver de perto, tanto por sua complexidade, quanto pelas dúvidas que inquietam os espíritos de quem deseja compreendê-la, para admiti-la não como prática e aplicações, mas como possibilidade.

Dito isso, vamos buscar compreender os conceitos de ânima, inteligência e automação. Vale lembrar aqui o filme “Blader Runner”, de Ridley Scott, lançado em 1982. Uma obra-prima do cinema de ficção.

O filme mostra um mundo datado no futuro 2019, quando a centralização urbana, numa sociedade sem Estado e controlada pelas grandes corporações, exige instrumentos cada vez mais poderosos para possibilitar a vida humana e sua expansão por outros sistemas e domínios.

Para isso, são criados os chamados “Replicantes”, cópias perfeitas dos humanos, com força e inteligência superiores aos dos seus criadores e, justamente por isso, com prazo de validade de quatro anos, ou seja, com data de mortalidade definida, estratégia essa utilizada justamente para evitar que sua superioridade física e de cognição se volte contra os humanos.

Aí é que vem a grande questão filosófica e teológica do filme: esses seres tomam consciência de si mesmos, consequentemente da limitação de suas existências e, daí, resolvem questionar o seu criador, desencadeando uma revolta. 

Como já vimos, existem inúmeras interpretações acerca do termo “ânima”, desde a visão milenar oriental, até as definições clássicas baseadas no latim.   Numa definição capenga, trata-se do sopro próprio da vida que, no homem, se traduz em sua capacidade de pensar, processar informações e sensações e reagir, interagindo com o mundo.

As religiões atribuem a algo divino, imortal, independente do corpo material que a conduz, por fim, essa força ou propriedade, estaria no terreno do que chamamos de Espírito. 

Toda essa digressão para dizer que a AI dá conta de uma complexa “engenharia” para ler, interpretar e executar ações no mundo das coisas, ou seja, mecânica pura, sofisticada, porém, mecânica; daí se questionar o uso do termo, se chegando a afirmar que não existe Inteligência Artificial, porque ela só é possível nos seres organicamente vivos.

Jamais à luz do espiritismo e das demais correntes espiritualistas que reconhecem uma “ânima” em cada um de nós, um dia teremos uma AI que, “desmaquinada”, mantivesse sua essência e fosse habitar um mundo espiritual que lhes seja próprio.

Publicado originalmente em Imprensados News

Imagem do cartaz de divulgação do filme filme “Blader Runner”, de Ridley Scott, lançado em 1982.

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

One thought on “A Inteligência Arficial e a sua possibilidade diante do Espírito, por Antônio Aurélio Cassiano

  1. Artigo interessantíssimo, muito bom! Me permita fugir um pouco das questões espirituais, ainda que sem perder a conexão com elas. Chama-me a atenção a forma como aborda, ainda que brevemente, “uma sociedade sem Estado, dominada pelas grandes corporações”. Acredito que caminhamos firmemente para essa realidade ao voltarmos o olhar para o atual desgoverno norte-americano e a influência crescente das gigantes da tecnologia, através de seu representante-mor.

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