Yolanda Clavijo (*)
***
Participar de todos os espaços necessários para alcançar a dignidade da mulher, maior justiça social em geral, igualdade e um mundo mais fraterno e humano, por meio da educação espírita em articulação com algumas ideias propostas por outros modelos educativos e sobretudo ativando-nos em todas as áreas de participação cidadã, seja na política, na saúde, na pedagogia, na justiça, na segurança social, entre muitas outras: eis a mulher espírita contemporânea!
***
O papel da mulher espírita contemporânea deve ter um impacto social relevante. A pedagogia do exemplo sempre foi o modelo de ensino por excelência e a melhor referência disso se encontra na escritora e espírita sevilhana: AMALIA DOMINGO SOLER. Na prática, podemos dizer que com sua obra, esta mulher ilustre e honrada, com características físicas segundo seus biógrafos, provavelmente pouco atraentes para quem vê formas e não almas. Uma grande alma eu diria, de caráter forte, promoveu um Espiritismo não mais reservado às elites, mas com grande impacto na sociedade, especialmente nas classes menos privilegiadas, aquelas sem direitos, em defesa de pessoas contra as quais haviam sido cometidas as maiores injustiças e principalmente em defesa do incompreendido Espiritismo.

Por seus escritos, conferências, artigos em jornais, entre outros, os humildes, os doentes e os presos, começaram a tornar-se visíveis e, de modo muito especial as mulheres começaram a deixar para trás o ostracismo a que sempre foram submetidas – em alguns momentos mais do que em outros. Tempos, aliás, onde elas foram menosprezadas, escravizadas e consideradas como um subproduto do homem, mais particularmente pelas religiões e regimes autoritários, que tantos danos têm causado ao psiquismo humano com atitudes retrógradas de dominação, onde se mantém a visão da mulher como geradora de pecado e elemento de provocação de paixões inferiores.
Amália impulsionou a educação secular [1] em todos os níveis como o meio de progresso para a humanidade e insistiu, especialmente, na educação e na libertação das mulheres. Reivindicou, assim, a plena igualdade entre os sexos e fez campanha a favor dos direitos civis das mulheres. Também com o apoio de diversas personalidades conseguiu angariar fundos para apoiar obras de caridade. Propôs, ainda, um modelo educativo menos rígido para a infância, apostando num sistema que não estivesse baseado no sofrimento, mas em que se procuravam os maiores estados possíveis de alegria e felicidade para aqueles que ainda não tinham assumido sua “máscara social” [2]. Ela claramente entendeu que a educação, desde a mais tenra idade, se constitui no meio de transformação das sociedades em que a mulher espírita de hoje deve dedicar grande parte de seus esforços.
Pessoalmente, tendo esse exemplo anterior e o de muitas outras mulheres espíritas que, ao longo dos anos, têm feito um trabalho impecável em matéria da garantia e promoção dos direitos humanos, na defesa de grupos minoritários, na assistência solidária, na divulgação da filosofia espírita, entre inúmeras outras atividades de ação social que realizam e que não menciono porque o espaço concedido para compartilhar essas ideias é insuficiente, ousaria falar pelo grande conglomerado de mulheres espíritas: não consideramos outra possibilidade senão participar de todos os espaços necessários para alcançar a dignidade da mulher, maior justiça social em geral, igualdade e um mundo mais fraterno e humano. Isto é possível através da educação espírita em articulação com algumas ideias propostas por outros modelos educativos reencarnacionistas, espíritas e sobretudo ativando-nos em todas as áreas de participação cidadã, seja na política, na saúde, na pedagogia, na justiça, na segurança social, entre muitas outras…
(*) Yolanda é dirigente espírita na cidade de Caracas, na Venezuela – Movimento de Cultura Espírita CIMA.
Versão para o português por Marcelo Henrique.
Notas do Tradutor:
[1] Refere-se àquele sistema educacional laico, isto é, o que não sofre influências de natureza religiosa ou clerical, sendo, assim, mais imparcial e neutro em relação às distintas configurações religiosas (das igrejas ou templos de qualquer natureza).
[2] “Máscaras sociais” são conceitos psicológicos relativos a um conjunto de comportamentos ou posturas, assim como expressões e atitudes que o individuo adota em situações e cenários sociais, como a escola, a universidade, o trabalho, os ambientes de lazer e igrejas ou ambientes filosóficos (como os centros espíritas).
Imagem de Chen por Pixabay
****************
ORIGINAL EM ESPANHOL
La mujer espírita contemporánea
Yolanda Clavijo (*)
***
Participar en todos los espacios necesarios para alcanzar la dignidad de la mujer, una mayor justicia social en general, la igualdad y un mundo más fraterno y humano, a través de la educación espiritualista en conjunto con algunas ideas propuestas por otros modelos educativos y sobre todo activándonos en todos los ámbitos de la participación ciudadana, ya sea en la política, la salud, la pedagogía, la justicia, la seguridad social, entre muchos otros: ¡esa es la mujer espiritualista contemporánea!
***
El papel de la mujer espírita contemporánea ha de ser de un impacto social relevante. La pedagogía del ejemplo siempre ha sido el modelo de enseñanza por excelencia y la mejor referencia la encontramos en la escritora y espiritista, sevillana: AMALIA DOMINGO SOLER. Prácticamente podemos decir que con su labor ésta ilustre y honorable mujer de características físicas según sus biógrafos probablemente no agraciadas para quienes ven formas y no almas, alma grande diría yo, de fuerte carácter, promovió un Espiritismo ya no reservado para élites sino de gran repercusión en la sociedad, en especial, las clases menos privilegiadas, los sin derechos, en defensa de personas contra los que se habían cometido las mayores injusticias y en especial en defensa del incomprendido Espiritismo.
A través de su obra escrita, conferencias, periódicos, entre otros., los humildes, los enfermos, los presidiarios, comienzan a ser visibilizados y en especial las mujeres empezaron a dejar atrás el ostracismo al que han sido sometidas siempre, en unas épocas más que otras. Épocas por cierto, donde fueron minimizadas, esclavizadas, consideradas como un subproducto del hombre, en particular, por las religiones y regímenes autoritarios, que tanto daño han ocasionado a la psiquis humana con actitudes retrógradas, de dominación, donde la visión sobre la mujer como generadora del pecado y elemento de provocación de bajas pasiones se mantiene.
Amalia impulsó desde todos los espacios la educación laica como medio de progreso de la humanidad e insistió especialmente en la instrucción y liberación de la mujer, reivindicó la igualdad plena de sexos, hizo campañas a favor de los derechos civiles. También a través de diferentes figuras logró recaudar fondos para el apoyo de obras solidarias y además propuso un modelo educativo para la infancia menos rígido, apostando por un sistema no basado en el sufrimiento, sino en el que se procuraran los mayores estados de alegría y felicidad posibles para quienes no se habían puesto todavía la careta social. Comprendía con claridad que la educación desde las primeras edades era el medio transformador de las sociedades y a ello la mujer espírita de hoy debe dedicar gran parte sus esfuerzos.
En lo personal, teniendo el anterior ejemplo y el de muchas otras mujeres espíritas que a lo largo de los años han realizado un trabajo impecable en materia de DDHH, en la defensa de grupos minoritarios, de asistencia solidaria, de difusión de la filosofía espírita, entre otras innumerables actividades de acción social que realizan y que no cito por ser insuficiente el espacio concedido para compartir estas ideas, me atrevería hablar por el gran conglomerado de mujeres espíritas: no nos planteamos otra posibilidad que no sea el participar en todos los espacios necesarios para alcanzar la dignificación de la mujer , mayor justicia social en general, igualdad y un mundo más fraterno y humano. Esto es posible a través de la educación espírita en conjunto con algunas ideas propuestas por otros modelos educativos reencarnacionistas, espiritualistas y sobre todo activándonos en todas las áreas de participación ciudadana, llámese política, salud, pedagogía, justicia, seguridad social, entre muchas otras…
(*) Yolanda es dirigente espírita en la ciudad de Caracas, en Venezuela – Movimiento de Cultura Espírita CIMA.
Notas del traductor:
[1] Se refiere a aquel sistema educativo laico, es decir, aquel que no está influenciado por un carácter religioso o clerical, siendo así más imparcial y neutral en relación con las diferentes configuraciones religiosas (iglesias o templos de cualquier naturaleza).
[2] Las “máscaras sociales” son conceptos psicológicos relacionados con un conjunto de comportamientos o posturas, así como expresiones y actitudes que el individuo adopta en situaciones y ambientes sociales, como la escuela, la universidad, el trabajo, los ambientes de ocio y las iglesias o ambientes filosóficos (como los centros espíritas).
****************************
Imagem de Chen por Pixabay