Maria do Rosário Relvas
***
Dentro de cada um de nós, está a inteligência universal, apesar de momentaneamente acreditamos em verdades diferentes, em virtude do nosso adiantamento moral e intelectual.
***
A palavra religião na sua essência quer dizer “re+ligare”, ou seja religar. Todos estamos de acordo de que o conceito não tem sido levado à letra, desde a antiguidade até os nossos dias. Afinal, estamos no século XXI em que, em nome de um Deus, se mata, destrói, tortura e se atropelam os direitos humanos básicos, quer por crentes de religiões fundamentalistas quer por outros que praticam religiões ditas cristãs.
O Espiritismo nasceu como uma doutrina filosófica e científica de bases morais. Na época pós-Kardec, tomou o rumo de religião, é uma realidade, o que nos leva a pensar que o transformaram em movimento religioso, tendo como consequência a sua desacreditação, tal como acontece com a maioria dos movimentos religiosos que na atualidade estão em franco decréscimo. Mesmo assim, tais não abdicam das suas teorias dogmáticas, próprias das seitas fundamentalistas, que, para os que têm mente aberta e uma fé raciocinada já não fazem qualquer sentido.
Se os espíritas permanecerem divididos, tal como os religiosos, não partilhando ideias, não interpretando a Codificação na sua verdadeira essência (como os Espíritos a ditaram), irão tirar-lhe a virtude, porque dividem para poder reinar.
Temos que unir esforços para que, enquanto estando no plano material, passemos a mensagem que os Espíritos nos deixaram, colocando de lado, o orgulho e a vaidade, ultrapassando divergências de meras opiniões, dialogando, colocando o nosso exemplo de vivência democrática e dialógica em ação.
Certa feita, ouvi de um eminente professor dizer: “a fé é inata, mas a crença é adquirida, todos têm em essência uma centelha da inteligência do universo”.
Religião e progresso
Por essa afirmação, entendemos que, dentro de cada um de nós, está a inteligência universal, apesar de momentaneamente acreditamos em verdades diferentes, em virtude do nosso adiantamento moral e intelectual.
Para mim, as religiões em geral têm sido e continuam a ser grandes responsáveis pelo nosso progresso evolutivo estar operando “em câmara lenta”. Nas palavras de Francisco Marshal em “Religião, Cultura e Poder”, encontramos pontual assertiva:
“a religião, embora apresentada como Revelação Divina, é na verdade, uma invenção cultural engendrada justamente com vista à usurpação do poder autoritário”.
Esta é certamente uma boa definição, para estudar e refletir acerca do quanto há de humano em algo que se costuma dizer divino e sobrenatural.
Trazendo o tema para a nossa atividade, verificamos a ponderação do Professor Herculano Pires:
“Não sendo o Espiritismo uma religião, é certamente o futuro das religiões”. Isto simboliza a ideia de que, somente quando atingirmos esse patamar de entendimento avançaremos para um outro mundo melhor, onde, espiritualmente, estaremos mais distantes das paixões materialistas, podendo, em essência, em Espírito e verdade, amar o nosso próximo como a nós próprios.
O estudo e divulgação do Espiritismo, assim, deve ser acessível a todos independentemente da sua condição social e económica; o debate entre credenciados conhecedores da filosofia espírita, deve ser feito com elevação; as discrepâncias de entendimento devem ser expostas com firmeza – mas, também, com gentileza; e, jamais, a desunião entre os que comungam dos mesmos ideais deve ser uma opção.
Isto porque acreditamos verdadeiramente na proposição de que do diálogo nasce a luz e essa luz deve nortear todos os que desejam o progresso individual e coletivo, estando neste nosso “pequeno ponto azul”, como afirmou Carl Sagan…
Imagem de S K por Pixabay
Ficou excelente, mas confesso que tive grande ajuda.
Muito obrigada pelo incentivo .