Alguns conceitos básicos da Doutrina Espírita ajudam-nos a entender o porquê deste sentimento tão controverso e como podemos trabalhar nosso comportamento para amenizá-lo ou mesmo erradicá-lo.
O termo antipatia é derivado da palavra grega “antipathéia”, que tem seu significado definido pela junção das palavras “anti” = contra e “pathéia” = afeição. É normalmente utilizado para explicar o sentimento de aversão de uma pessoa para com outra.
Para o ser humano, a “antipatia” é, sem dúvida alguma, o mais triste, inconveniente e negativo dos sentimentos. Em muitos casos, realmente existem razões no comportamento do outro para que se instale a antipatia, mas algumas vezes este sentimento vem, gratuitamente, sem que saibamos como controlar e se instala sem que saibamos como evitar. Basta que uma determinada pessoa se aproxime para que brote em nós essa desagradável sensação de desconforto, misto de ódio, repulsa e insatisfação.
O mais estranho da antipatia, é que às vezes a sentimos por pessoas que sequer conhecemos direito e com as quais mal convivemos. Porém, em muitos casos, quando passamos a conhecer melhor a pessoa através do convívio diário, este sentimento desaparece. Como explicá-lo então?
Primeiramente precisamos entender que tipo de antipatia cultivamos por determinadas pessoas, pois é possível classificar este sentimento em: “antipatia transitória” e “antipatia permanente”, sendo a transitória aquela que se transforma em simpatia com a convivência e a permanente, aquela que persiste ao longo do tempo.
A antipatia transitória pode ser entendida e aceita como normal, pois as pessoas que se apresentam de forma jovial, humilde e alegre normalmente ganham nossa simpatia, já aquelas que se apresentam de forma belicosa, irreverente e orgulhosa ganham imediatamente nossa antipatia. A experiência nos mostra que não podemos classificar as pessoas pela primeira impressão, pois invariavelmente estaremos enganados. Porém, não podemos esquecer que existem pessoas extremamente arrogantes que fazem questão de mostrarem-se antipáticas, então, o problema está com elas e não conosco.
Com relação à antipatia permanente, alguns conceitos básicos da Doutrina Espírita ajudam-nos a entender o porquê deste sentimento tão controverso e como podemos trabalhar nosso comportamento para amenizá-lo ou mesmo erradicá-lo.
Em “O livro dos Espíritos”, que é um dos livros básicos da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, existe um capítulo inteiramente voltado a esclarecer o porquê da “afeição” e “aversão” entre os seres humanos (perguntas de 291 a 303). Em resposta a estas e muitas outras perguntas contidas neste livro, os mensageiros espirituais explicaram a Kardec resumidamente o seguinte:
• Na realidade somos “energia” e nossa verdadeira essência é espiritual e não carnal. Qualquer ser humano é antes de tudo um “espírito” fadado ao desenvolvimento e crescimento espiritual, sendo a vida física passageira e momentânea. Todos nós já tivemos várias experiências carnais e ainda teremos várias existências materiais visando, acima de tudo, aperfeiçoar nossa personalidade espiritual;
• Por sermos essencialmente “energia”, qualquer pensamento nosso, externado ou não, também produz uma energia que nos circunda e nos envolve, compondo nosso campo energético o qual podemos chamar de “psicosfera”. Por sua vez, cada ser humano possui psicosfera única que é característica e própria de cada um, vibrando em faixas mais ou menos similares e contribuindo, um conjunto com outras pessoas, para a formação da atmosfera adjacente e circunvizinha (lar, trabalho, vizinhança, bairro, etc.);
• As vibrações energéticas de nossa psicosfera são mantidas, ao longo de nossa existência, num determinado “padrão vibracional” de acordo com o nosso modo de ser e agir. Porém, vez ou outra, estagiamos em faixas vibracionais diferentes, dependendo do nosso “estado de espírito” e dos nossos pensamentos e ações. Em outras palavras, invariavelmente podemos baixar ou aumentar nosso padrão vibratório e isso acontece normalmente (no dia a dia é difícil manter o padrão vibratório estável);
• O nosso padrão vibratório além de influenciar a atmosfera adjacente, contribui para que pessoas com psicosfera similar e próxima da nossa nos circundem e passem a conviver conosco. Quando uma pessoa que esteja vibrando em faixa muito diferente da nossa, principalmente abaixo, nos é apresentada ou passe a conviver em nosso meio, é natural que nos sintamos diferente em relação a ela e isso invariavelmente produz uma retração inicial, que pode perdurar ou se modificar dependendo da manutenção ou não da sua faixa de vibração. É possível que, com a convivência, haja a acomodação vibracional das duas pessoas;
• Por esta explicação fica fácil entender porque existem determinadas pessoas que tentam, a todo custo se mostrar simpáticas para outras através de gestos e palavras, mas não o conseguem. É que seus pensamentos mais ocultos influenciam o campo vibratório de maneira contrária as suas atitudes, ou seja, sua psicosfera vibra de forma não similar a da outra. Não há afinidade vibratória entre elas;
• Também fica fácil entender porque às vezes não nos sentimos bem em determinados locais. Nossa psicosfera não se hegemoniza ou não se harmoniza com a psicosfera reinante no ambiente;
• Outra questão interessante é que nosso aprendizado como espíritos ocorre nos dois planos da vida, o espiritual e o material, sendo que é neste que as experiências normalmente se tornam mais profundas e marcantes, por serem, em muitos casos, mais intensas e dolorosas;
• Quando, pela morte do corpo físico, o espírito desencarna, leva consigo toda experiência adquirida em vida e a soma com suas experiências anteriores formando sua nova personalidade
espiritual. Porém, muitas vezes, as experiências e paixões carnais são tão intensas que o espírito as retém com a morte física e mesmo desligado do corpo as mantém na espiritualidade de forma latente;
• Em uma nova encarnação (vida física), apesar de ser uma oportunidade inteiramente diferente de aprendizado e aquisições, o espírito não perde suas características e suas conquistas anteriores. Trazemos embutidos no nosso inconsciente o que realmente somos em termos espirituais. Então, é comum que experiências marcantes de uma vida anterior se fixem e acompanhem o espírito na nova encarnação, mesmo ele não se lembrando delas claramente;
• Assim, pode acontecer de encontrarmos em uma nova vida, espíritos que já conviveram conosco em existências anteriores e com os quais tivemos alguma experiência desagradável. É por isso que, muitas das vezes, mesmo sem conhecer a pessoa, sentimos algum incomodo, uma espécie de repulsa, em relação a ela e vice e versa;
• É comum também que espíritos adversos entrem em acordo e solicitem para encarnar juntos no mesmo lar ou em família, a fim de ajustar ou amenizar possíveis desavenças anteriores. Isso explica porque às vezes ocorrem casos de parentes consanguíneos que não se suportam, mesmo não havendo motivos aparentes para tal, assim como casos de pessoas que não convivem em família e demonstram possuir entre si uma afinidade fora do padrão familiar;
• Naturalmente que Deus, que é descrito pelos espíritos como a inteligência suprema do Universo e todo amor, bondade e justiça, não permitiria a ocorrência de enganos tais, onde espíritos que não possam se entender partilhem de uma convivência em família. O objetivo destas novas convivências é o do entendimento e crescimento mútuos. Assim, é preciso aceitar este fato com clareza para entender que, na maioria das vezes, somos nós mesmos os causadores das antipatias e desavenças, por não renunciarmos a nossos conceitos já enraizados e com certeza firmados no orgulho e vaidade;
• Outro ensinamento básico dos espíritos é de que todos os seres humanos, salvo raríssimas exceções, estão mais ou menos nivelados em termos de evolução e aprendizado. Achar que somos melhores ou piores que alguém é incorrer em grande erro. Agir, então, preconceituosamente com qualquer pessoa é cometer erro maior ainda. E não seria a antipatia uma espécie de preconceito?
Partindo das premissas expostas acima, devemos entender que a melhor forma de erradicar o preconceito da antipatia de nosso cotidiano é procurar agir com respeito e fraternidade com qualquer pessoa, seja ela quem for. Para todas as pessoas que sejam objeto de nossa antipatia, devemos procurar observar-lhes os pontos positivos exaltando-os aos nossos olhos e jamais desejar-lhes coisas negativas. Com certeza, no devido tempo, a antipatia tenderá a diminuir, tornando sadio o nosso relacionamento com estas pessoas, assim como nosso padrão vibratório para com elas e vice e versa. Com certeza nosso inter-relacionamento pessoal será excelente o que nos tornará pessoas bem melhores, mais compreensivas e afáveis.
Sou a Gabriella Barbosa Rocha, gostei muito do seu artigo
tem muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.