Empoderamento da Mulher Espírita, por Leopoldina Xavier e Maria Cristina Rivé

Tempo de leitura: 3 minutos

Leopoldina Xavier e Maria Cristina Rivé

Um decálogo que define e amplifica a atuação da mulher espírita empoderada em nossa sociedade contemporânea.

O olhar atento daquela que ouve através do silêncio, o pensar daquela que ao ler, repensa, racionaliza e age. Quem é a mulher? Quem é a mulher espírita? Quem é a mulher espírita empoderada? É aquela mulher que, como tantas, emerge da lenda e faz história a combater os fantasmas, a dirimir suas dúvidas e em cantar e encantar pelo Planeta? Quem és tu, mulher, a espantar o medo, a crescer no mundo e dirigir a vida? Como é ser mulher? Como é ser mulher espírita?

É ser libertária! A mulher espírita deve dizer não a qualquer forma de autoritarismo, quer individual, quer coletivo, defendendo os valores democráticos, fundamentais ao autorrespeito e ao respeito em relação ao próximo.

É ser independente! Pois é aquela que valoriza o conhecimento para o discernimento das questões filosóficas a partir do Kardecismo, que compreende os valores doutrinários fundamentais. Pois “quem precisa ser liderado por pastor, tem a inteligência de ovelha”, como disse Marília Gabriela. A mulher espírita precisa exercer, à luz do conhecimento, para ser independente dentro do meio espírita.

É ser movida pela razão! Ora, nada melhor do que a racionalidade, como um dos fundamentos do Kardecismo, porque não podemos nos guiar por mitos – desencarnados ou encarnados –, nem pelo fanatismo ou pela subserviência. A razão, na mulher espírita, fortalece a sua autonomia, dentro dos seus próprios valores espirituais e ético-morais.

É ser uma crédula da ciência! A mulher espírita deve valorizar a ciência e seus progressos, estando em constante vigilância para não ser cooptada por falsos profetas que a ignoram. Tudo o que vai contra a ciência vai contra o fundamento do mestre Rivail.

É ser justa e igualitária! É tratar todas as pessoas com igualdade e dignidade, respeitando cada ser humano, mulher ou homem, dentro das suas condições sociais e de progresso espiritual.

É ser defensora dos direitos humanos! A mulher espírita deve ter a plena consciência de que, ao defender os direitos humanos, individuais ou coletivos, se posta em nome da dignidade e da integridade dos indivíduos, seja contra um Estado discriminatório e opressor, seja em relação a instituições ou pessoas que oprimem quem quer que seja. Defende, ela, a cidadania ativa, no equilíbrio entre os direitos e os deveres. E, por isso, ela se posiciona como defensora do princípio do Amor ao próximo.

É ser defensora da Justiça Social! À mulher espírita compete o zelo e o empenho nas lutas em defesa da Justiça Social. Por princípio básico da solidariedade, isto significa, minimamente, que todos tenham à mesa o pão de cada dia, uma casa para chamar de sua, que sua saúde possa ser protegida de forma universal, que a educação seja de qualidade e para todos. Tudo dentro da exata amplitude do processo progressivo do conhecimento e em consequência da sua condição de Espírito, imortal, preexistente, sobrevivente à morte física e, igualmente, progressivo espiritualmente.

É ser aquele ser que sabe dizer não! Que a mulher espírita transcenda nos seus conhecimentos, em múltiplas áreas e esferas, para saber discernir entre o certo e o errado, saber separar o joio do trigo, dizendo não a toda e qualquer inverdade, falsidade ou desrespeito, com o emprego da razão e dentro dos conceitos kardecistas.

É ser caridosa e fraterna! A mulher espírita deve ser a vanguarda na luta contra todos os preconceitos de raça, cor, etnia, condição econômico-social e ideológica, assim como em oposição aos conceitos escravagistas impregnados em nossa sociedade. Igualmente, deve ser posicionar claramente contra quaisquer dogmas, num processo permanente de progresso material-espiritual que contribua com toda a sociedade. Será, a mulher espírita, em assim agindo, o exemplo da conscientização do ser no processo progressivo da humanidade.

É ser uma distribuidora do Amor! Porque, parafraseando o Professor francês, “sem Amor não há salvação”. O Amor simboliza a fonte que nos revigora para nossas tarefas habituais, tanto ético-morais quanto espirituais. O Amor é o que nos compromete, enquanto mulheres espíritas, a trilhar um caminho verdadeiro de aproximação com o próximo, com a permanente sabedoria que tudo pode se transformar por ele e através dele. E assim, contagiar outras mulheres e também os homens, espíritas ou não para a certeza de ser, o Amor, a luz sempiterna que leva todos e tudo à real transformação.

Esta é a mulher! E isto engloba viveres, engloba poderes. Surgindo como clarão, mesmo que a queiram apagar, é a sua força, emergente deste ser espiritual que se faz, hoje mulher, calcada em uma Doutrina de Amor, de Justiça, de Caridade e, por consequência, de paz. É a paz aquilo que transcende, pois se acha embasada na racionalidade e na compreensão de fazer parte da Criação.

Portanto o compromisso da mulher espírita empoderada é o de espalhar essa sua coragem, essa sua determinação, essa sua espiritualidade, para a transformação ético-moral tão necessária à nossa sociedade. Eis, o que define essa mulher!

Arte: Kátia Pelli.

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

One thought on “Empoderamento da Mulher Espírita, por Leopoldina Xavier e Maria Cristina Rivé

  1. Um decálogo de qualidade. Parabéns às autoras e que perseverem na senda do Espiritismo com a mesma galhardia de suas palavras escritas!

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