Marcelo Henrique
“A esperança irá vencer o medo”, Luís Inácio Lula da Silva.
Desde a redemocratização do Brasil, pós ditadura (1964-1985), passando pelo movimento das Diretas Já e pela eleição (indireta) para presidente, em que não foi possível a posse de Tancredo Neves, foi em 1989 que o slogan acima foi apresentado à sociedade brasileira.
Lula ainda demoraria algumas décadas para alcançar o (nosso) sonho de democratização plena, com sua eleição à direção do país. A esperança, contudo, foi sendo acalentada, de 1989 a 2002, e se materializou com a posse (democrática) em primeiro de janeiro de 2003.
“Brilha uma estrela, nasce a esperança”, foi o slogan-jingle que esteve em nossas vozes e que, ora, retorna, ainda mais vívido e proeminente, sobretudo para representar a desesperança da imensa maioria dos brasileiros neste tenebroso quadriênio (2018-2022), sem esquecer do golpe contra a democracia e o impeachment de Dilma Vana Roussef.
Pois, agora, um dado técnico nos chega ao conhecimento. Trata-se de um estudo comparativo e agregador das pesquisas eleitorais realizadas por distintos institutos, neste pleito eleitoral de 2022, para presidente da República. A responsabilidade pelo levantamento é do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), entidade que realiza atividades no escopo da produção de conhecimento crítico e independente, em nosso país, desde 1969.
Pois bem, o comparativo das pesquisas de opinião apontou para o resultado, em termos percentuais, por segmento religioso, na preferência pelos dois candidatos que se enfrentam neste segundo turno. Interessa-nos o segmento autodeclarado espírita, evidentemente. Então, neste particular, o agregado apresenta: Lula (PT 13), com 67,7%; Bolsonaro (PL 22), com 27,0%. Isto simboliza que mais de dois terços dos que responderam aos questionários de intenção de voto e que se definem como espíritas estão alinhados ao segmento progressista e declaram voto em Luís Inácio Lula da Silva.
Confesso, particularmente, que isto me provocou grande espanto. Afinal, com mais de quatro décadas de várias atividades junto à Filosofia Espírita, em distintas instituições, local, regional e nacionalmente e, também, em face da minha presença nas redes sociais e em ações envolvendo espíritas de todas as regiões do Brasil, nos pareceu, sempre, que a parcela menor estaria com os progressistas. Mas os números antes destacados apontam para o oposto. Felizmente!
Porque a postura conservadora nas instituições e ambiências espíritas pode ser facilmente constatada nos eventos (presenciais ou virtuais) e nos debates que são travados em perfis pessoais, institucionais, fanpages ou canais de YouTube ou Streaming. E, se o indivíduo assume, doutrinariamente, posturas conservadoras é de se esperar que, também, politicamente, ele esteja alinhado ao grupo político que representa tal ideologia.
O resultado, assim, que é um recorte da realidade e precisa, obviamente, ser secundado por outras observações e análises – inclusive científicas, para além do jornalismo e da estatística –, confesso, me encheu de esperança. A mesma esperança que Lula extravasou, ainda em 1989, em sua primeira campanha presidencial, e que é o combustível principal de nossa “luta”. Sim, mais uma vez, como em 2002, 2006, 2010 e 2014, a esperança irá vencer o medo agora em 2022.
Esperamos que a porção majoritária dos eleitores que comparecerem ao sufrágio, no dia 30 de outubro, consagrem a vitória da democracia, da cidadania, da empatia, do respeito, do crescimento econômico com responsabilidade fiscal e ambiental, da acessibilidade dos socialmente carentes, dos respeitos às diferentes etnias, sexualidades, filosofias, crenças e religiões e ideologias possa voltar a ser o cenário de todos os dias.
Sim, com esperança estamos próximos de ver, novamente, Lula-lá! Sigamos no bom combate e na esperança de melhores dias!
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Nota:
O levantamento citado neste artigo está disponível no endereço:
https://cebrap.org.br/cebrap-lanca-agregador-de-pesquisas-eleitorais-por-religiao/
