De maneira geral, as pessoas são levadas a considerar como sinônimos Espiritismo e Mediunidade.
Afinal de contas, desde que Kardec criou a Doutrina dos Espíritos, com a publicação da sua primeira obra, “O livro dos espíritos”, foi por meio da fenomenologia mediúnica que se estabeleceu a teoria espírita.
É o Espiritismo que nos diz que todos nós somos, mais ou menos, médiuns.
A mediunidade é, assim, uma faculdade que todos podem desempenhar, mas que é variável em função das características individuais, estando, ainda associada às características da vida física (material), aquilo que nós espíritas chamamos de contexto de vida, que envolve provas, expiações e missões (veja outro texto a respeito, neste site).
Se você observar alguma atividade religiosa, nas chamadas igrejas pentecostais ou no segmento Gospel, irá perceber, notadamente, aqui ou ali, fenômenos de natureza mediúnica.
É claro que haverá a ocorrência, também de fraudes ou encenações.
Devemos observar bem e descartar essas.
Mas nas que não forem fraudulentas, iremos perceber a qualidade dos fenômenos mediúnicos, que se estabelecem a partir da “conexão” entre encarnados e desencarnados, os primeiros médiuns e os segundos Espíritos comunicantes. Isto pela psicografia (escrita) ou psicofonia (verbalização), em regra, podendo, também, serem verificados efeitos físicos como a movimentação de objetos (e, até, de pessoas) – situações mais raras, hoje em dia – ou a “possessão”, isto é, a situação em que o desencarnado se vale do corpo físico de um ser encarnado (médium), para agir como se ele estivesse fisicamente vivo.
Outra questão a considerar é a fidedignidade (ou não) à Filosofia Espírita e às práticas recomendadas por Kardec.
Há centenas de grupos ou centros espíritas que introduzem rotinas e ações que não correspondem ao que Kardec estabeleceu como procedimentos espíritas (sobretudo em “O livro dos médiuns”, o manual para a atuação mediúnica segundo os princípios espíritas em instituições espiritistas). Você irá encontrar, na casa espírita que você freqüenta ou for visitar, uma série de “práticas” que não são “condizentes” com os princípios e práticas espíritas.
Isto decorre dos gostos e preferências dos humanos, das simpatias com determinadas filosofias, crenças ou procedimentos, e a ideia generalizada de que “não faz mal” e, portanto, pode ser realizada ou utilizada em uma associação espírita.
O mesmo se dá em relação a livros publicados – principalmente romances – que, desde a segunda década do século passado (1920 em diante) são publicadas no Brasil, com a assinatura de espíritos desencarnados – alguns reconhecidos, outros até então anônimos ou pouco conhecidos – em conjunto com a identidade dos médiuns.
Em nosso país, os dois mais expressivos médiuns – em termos de obras publicadas – são Francisco Cândido (Chico) Xavier e Divaldo (Pereira) Franco.
Ambos reconhecidos pelo segmento espiritista em geral e, também, pelos leigos como “expoentes do pensamento espírita”.
Ocorre que as obras que foram ditadas aos médiuns por inteligências desencarnadas não foram submetidas a qualquer exame (prévio ou posterior) quanto à completa adequação aos postulados espíritas.
São, portanto, a “opinião” de determinados indivíduos que se manifestaram pela Mediunidade e devem, assim, ser considerados.
Em seus relatos, vamos encontrar, certamente, sintonia das afirmações e das situações descritas com os postulados, princípios ou fundamentos doutrinários, mas, também, encontraremos expressões do pensamento particular do comunicante, não raro decorrentes do estado de “perturbação espiritual” que pode ser maior ou menor, em termos de duração, do Espírito no plano espiritual (ou Erraticidade).
Assim, seja para os citados médiuns, ou outros, seja para páginas psicografadas, relatos psicofônicos ou manifestações dos encarnados, palestrantes, expositores, dirigentes ou líderes espíritas, o condão de aceitabilidade, a referência técnica será, sempre, a comparação de seus escritos e falas com a base doutrinária trazida por Allan Kardec (1857-1869).
One thought on “Espiritismo e Mediunidade”