Por Débora Nogueira e Marcelo Henrique
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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“o Espiritismo vem precisamente combater o fanatismo e o maravilhoso que o acusam de querer fazer reviver; daqueles que são possíveis, ele dá uma explicação racional, e dos que seriam uma derrogação das leis da Natureza ele demonstra a impossibilidade” (Kardec, Revue Spirite, Janeiro, 1868, Manifestação antes da morte).
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Nos nossos dias como nos anteriores a ilusão, essa “cegueira “momentânea”, envolve e abraça o iludido, principalmente se essa ilusão lhe traz a sensação de poder. Esta é fascinante, fazendo com que o iludido se torne facilmente um fascinado, e essa crença traz graves consequências, desde assumir comportamentos bizarros até se ver presa e vinculada a doutrinas absurdas e teorias falsas (olha aí, as fake news espirituais!).
Kardec, em “O livro dos Médiuns”, no Capítulo XXIII, item 242, afirmou ser a obsessão “um dos maiores escolhos da mediunidade” e, em qualquer dos seus graus, é o “resultado de um constrangimento“. Depois, em “A Gênese”, Capítulo XV, item 35, Kardec esclarece que isto já era comum, por exemplo, na Judeia, da época de Yeshua, quando os obsedados ou possessos, então chamados àquele tempo de “maus Espíritos”, “tinham, sem dúvida, feito invasão nesse país e causado uma epidemia”. Antes, ainda, Kardec enaltece no capítulo XIV, item 49: “A obsessão e a possessão são mais frequentemente individuais, mas, por vezes, são epidêmicas. Quando uma nuvem de maus Espíritos se abate sobre uma localidade é como quando uma tropa de inimigos vem invadi-la. Nesse caso, o número de indivíduos atingidos pode ser considerável”.
Já em “O livro dos Espíritos”, item 467, o Professor francês ministra o antídoto e o remédio contra esse mal, quando pergunta “como” pode o indivíduo se afastar da influência espiritual para o mal. E os Luminares lhe respondem, positivamente, sobre tal afastamento, justificando que a influência se dá em virtude da ligação por desejos e pensamentos, entre encarnados e desencarnados. Se os desejos ou pensamentos transmudarem-se, saindo da viciação e da vinculação com o mal, os desencarnados desaparecem e cessam a influência.
A fascinação, então, é uma obsessão de graves consequências, como já ilustrado com os trechos kardequiano, e um aspecto relevante neste processo deriva da confiança cega que o Espírito consegue colocar no médium, entenda-se, o obsediado, posto que todos somos médiuns, mesmo que não estejamos vinculados a atividades espirituais ou mediúnicas. A inter-relação entre vivos e mortos se dá por afinidade e não precisa de lugar nem condições especiais.
Tal confiança impede que o indivíduo (encarnado) se aperceba dessa situação vivida, no que age de forma excêntrica e distinta do “normal”, quando não está sob a influência motivada. Lembremos que há pessoas que vivem de forma equilibrada e em determinados momentos “se transformam”. Suas atitudes, assim como suas palavras, nestes momentos marcam a diferença marcante entre o momento habitual e o influenciado.
E, pasmem, pessoas tidas como muito esclarecidas, com intelecto diferenciado, com formação universitária e ocupando cargos e funções de destaque em nossa sociedade, podem cair nesse engodo! A ilusão causa uma espécie de torpor, que alcança o coletivo. Nesse delírio, pululam os fanáticos, os cegos em sua devoção e os partidários das certezas de mentiras propagadas.
A turba, então, se une sem qualquer raciocínio ampliado, sem rumo, como o gado que vai ao encontro do abate. E é, de fato, um abate: da razão, da fé raciocinada (que se torna equivocada), podendo alcançar estágios de uma soberba armada, uma insanidade violenta. O fanático se encontra rumo ao desconhecido, mas sem ver a si mesmo, seguindo a turba acéfala.
Muitos se “encontram” e se “identificam” nos slogans vazios resgatados de um passado recente, numa miscelânea, onde não se distingue o ridículo de gestos, palavras, posições bizarras. Espalhados e enfurecidos, tais têm a certeza de que travam uma luta contra inimigos que lhes parecem reais, mas foram criados por eles mesmos em suas loucuras e devaneios, para poder dar razão e motivação à sua insanidade.
Não é o que temos visto em ruas, avenidas, praças públicas? Não foi o que vimos, estarrecidos e entristecidos em 8 de janeiro de 2023? Reflitamos…
Espíritas fascistas
Muitos espíritas seguem esta mesma toada. Se vinculam a “inimigos imaginários”, ao combate ao “comunismo” e que tais. Assistem os funestos acontecimentos e se calam diante, por certo, de suas próprias obsessões. E assim vão, entre fascinados e possessos, aos brados, pedindo uma “justiça” parcial e efêmera, quebrando tudo o que veem pela frente, gritando por tudo aquilo que eles mesmos condenam (ou condenavam, até então). Mas cegos, não enxergam nem querem perceber que a lista de seus atos, muitos até criminosos, clama por fascismo.
Lutam contra um inimigo imaginário, como heróis patéticos com uma arma numa mão e a bíblia (poderia ser um exemplar de “O evangelho segundo o Espiritismo” na outra. Ou portam bandeiras como a de Israel, com justificativas irracionais e anti-históricas, que lhes ridicularizam. Vandré já teria poetizado e cantado: “há soldados armados, amados ou não / quase todos perdidos de armas na mão”. É, querido Vandré, tu também foste uma vítima cruel da ditadura, que te deixou à margem da insanidade, diante de tantos castigos que te impuseram. Curioso é que esses pregam a “volta da Ditadura”, o retorno dos militares ao poder, para “nos salvar” de sermos uma nova Venezuela. Ou Cuba. Ou a Rússia comunista… Há poucos dias, na manifestação insana, cantaram o teu hino – “Pra não dizer que não falei das flores”, o imortalizado “caminhando e cantando e seguindo a razão”, pois “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, um repúdio ao militarismo e à ditadura que se introduziu no Brasil, entre 1964-1985.
E para quem se apresse em dizer que é espírita e que não esteve em nenhuma dessas manifestações, devemos lembrar que não é necessário “estar de corpo presente”. Basta compactuar com os motes, os fins, as ideias. E há muitos espíritas fascistas, desejosos de uma “revolução”, para retirar o presidente legitimamente vencedor nas urnas, para substituí-lo por alguém “da bandeira brasileira”. Se apossaram da bandeira, do hino, da camisa da seleção brasileira! E um quantitativo enorme de espíritas os aplaudem e com eles se identificam. Sentam-se à frente dos televisores ou computadores, assistindo a cobertura (seja daquele dia de vandalismo aos prédios dos Poderes da República, já mencionado neste texto, seja para a “defesa” de suas pautas irracionais e irreais, resultantes da fascinação coletiva. Os que comentam em dias de atividades espíritas e, também, em palestras públicas, exortando “o bem e a caridade”, ou “o amor (incondicional) ao próximo”, para se postarem como inimigos declarados dos que chamam de “vermelhos”. E repetem, como um mantra: “Nossa bandeira jamais será vermelha!”.
Esses mesmos espíritas, de há muito, “proibiram” os debates sobre políticas sociais e justiça social nas instituições espiritistas com argumentos do tipo “discussão é instrumento das trevas”, “isto vai baixar a vibração espiritual”, “o Espiritismo não deve se meter em discussões políticas”, entre outros. Mas, temos visto, com repetitividade e abrangência esses mesmos que afastaram discussões sobre a participação social dos espíritas e a construção de uma sociedade melhor, dentro da tríade pensamento-palavra-ação, virem, agora (de uns cinco anos para cá e, mais acentuadamente, em 2023 e 2024), defender “valores” do “patriotismo” e da “democracia” (do jeito que eles a entendem). O patriotismo (sentimento de vínculo com a origem e nacionalidade não é “bandeira” desta ou daquela agremiação político-partidária e a “luta pela democracia” que estas pessoas encampam, prega ideais contrários e distantes de um ambiente democrático, típicos da sociedade brasileira pós-Constituição Federal de 1988.
Terrível e despropositado antagonismo!
E os que assim agem nos envergonham! Envergonhariam Kardec se ele visse a vinculação direta de partidarismos (como o dos “patriotas”) com a Filosofia Espírita. Se surpreenderia, o Professor francês em ver um assistencialismo proselitista (“precisamos tornar todos espíritas!”) ao contrário dos seus discursos e – mais que isso – seu engajamento em ações e projetos sociais, pregando o distanciamento da política (filosoficamente conceituada como o governo da sociedade, as ações públicas em favor dos indivíduos e a proteção dos hipossuficientes).
Médiuns midiáticos
Quem dera que o (nosso) inimigo fosse apenas retratado em moinhos de vento, em que o confuso, mas doce e poético Dom Quixote, em seu cavalo, cheio de coragem, combate o adversário inerte, contudo vivo e dinâmico em sua mente.
Parafraseando, o fascista se alimenta do fanático que alimenta o fascinado. O nacionalismo extremo (que nem os nacionalistas sabem explicar), transita para a violência, e compõe a argamassa do totalitarismo e da total ausência de liberdade.
A “pátria do cruzeiro” – expressão cunhada por Humberto de Campos e repetida como bordão pelos espíritas ufanistas, está envolta em uma nuvem perigosamente ameaçadora, cujos sinais e efeitos já foram sentidos pela Humanidade em outras épocas, de escravidão, ditadura, totalitarismo, repressão e criminalidade “oficial”.
Todavia, para nós, espíritas sensatos, a luta continua, na semeadura do bem, no inconformismo diante de “verdades” obscuras e vetustas, típicas de almas velhas que se locupletaram, em andanças passadas, no cortejo do poder, ou nas relações entre Igreja e Estado, assim como no serviço das forças militares de todos os tempos. Armas. Não é à toa que o discurso então vigente (2019-2022) apontou para o armamento dos civis, e foi materializado por normas infralegais espúrias e descabidas. Diante das veias abertas de Galeano, estão muitas feridas mal curadas e que nos últimos tempos continuam esguichando sua podridão íntima.
No plano da lei humana e do Estado Constitucional de Direito vigente em nosso país, vai ser preciso (e é exigível, desde sempre, sem qualquer anistia) que os responsáveis paguem a conta, responsabilizando-se todos os que feriram a constituição. Os que programaram, os que lideraram, os que financiaram e os que executaram, independente dos papéis, cargos e funções que desempenham na ordem pública ou na esfera privada. E a punição para os conspiradores de dentro do Estado que participaram dessas atividades, das Forças Armadas, do Poder Executivo, do Poder Legislativo e, eventualmente, do Poder Judiciário e do Ministério Público, caso tenham participado do ou fomentado o golpe.
Há um outro elemento a agregar: o do segmento dos “médiuns midiáticos” e o dos “palestrantes popstar ou coaches”, que tanto tem contribuído para o divisionismo vigente e para bandeiras que são totalmente opostas aos princípios e fundamentos do Espiritismo, considerada a sua base (1857-1869). Podem ser mencionados os dirigentes seja do baixo, do médio e do alto “clero”, que também emitiram seus pronunciamentos para suas diretorias e associados, com um discurso de medo e pavor, ou de terror diante da ameaça do Moinho de Vento da eleição de 2022. Ameaça inexistente ou presente apenas na mente dos (nem tanto) quixotes de hoje. Uns e outros, alimentados e retroalimentados na vaidade do prestígio mundano, diante das costumeiras idolatrias e adulações e da defesa de “ações assistenciais” como referendo para aceitarem que opiniões pessoais de homens falíveis como nós, imperfeitos, sejam comparadas e associadas aos princípios espíritas. Não, senhoras e senhores, o que é do homem e suas mazelas não pertence à ordem do Universo. A distância é incomensurável.
O “coração do mundo”, assim, nestes últimos anos, teve algumas paradas cardíacas, que levaram a AVCs, mas o organismo segue vivo, felizmente, graças ao impeditivo à continuidade do sistema que estava, pouco a ponto, sendo implantado.
Mas, a ameaça (verdadeira) segue por aí, tendo mostrado seu ímpeto em 25 de fevereiro de 2024. Que não se minimize nem se subestime o “exército” do fanatismo. Jamais!
Voltando ao quadrante espiritual, é imperioso recordar os ensinamentos que trouxemos, de início, no consórcio entre Kardec e as Inteligências Invisíveis, sobretudo em “O livro dos Espíritos”, “O livro dos Médiuns” e “A Gênese”. Ainda hoje, embora em número bem menor, os médiuns abnegados propagam algumas mensagens com teor verdadeiro e fraterno, para todos. Outros, imersos nas vaidades e imperfeições humanas, seguem com suas opiniões duvidosas e parciais, assumindo o triste papel de “pastores” no “coração do mundo”. Ao redor deles, com olhos de admiração, brilhantes, e embevecidos pelos “cantos de sereia”, porque não realizam o que Kardec recomendou para a aferição da linguagem, do conteúdo e da autoria, para a aceitação, apenas, dos que necessariamente fossem verossímeis e compatíveis tanto com os fundamentos espíritas quanto com a estatura moral demonstrada por tais individualidades quando estiveram neste planeta, encarnados. A diferença, em muitos casos, é abissal. Lembrando Yeshua, há muitos lobos em pele de cordeiros.
Seguindo tais lideranças – os médiuns e os palestrantes – há uma multidão de fascinados, que se recusam a refletir, aceitando passivamente o que leem ou escutam, sob o verniz da eloquência e da liturgia das palavras. Mais que isso, quando contestados em razão de suas preferências e da aderência cega aos informes dos primeiros, como “mantras” que são repetidos em cada diálogo, dentro e fora das instituições e grupos espíritas, procuram saídas e justificativas similares para continuarem adorando os bezerros de ouro da atualidade.
Devemos lembrar que todos os seres humanos que encarnam neste planeta (de expiações e provas) está sujeito a se perder no caminho. Quantas boas iniciativas, projetos relevantes, obras de motivação apropriada, nas mãos de pessoas inescrupulosas ou mesmo tendo iniciado com seriedade, idoneidade e atendimento à ética social acabaram derrapando nas idiossincrasias pessoais, onde a razão maior foi substituída pelas opiniões fugazes de indivíduos interessados no poder, na riqueza, no prestígio?
Mas os fanáticos e os fascinados não enxergam, nem querem enxergar. Assumem uma posição vitimista, como se as suas ideias representassem o todo. Não tem autorização das grandes massas para falar em nome delas ou para defender projetos comprometidos com o fascismo. Falando neste, ele em seus primórdios na Itália, tinha a efígie de um machado envolto em feixes como símbolo. Quisera fosse o machado do orixá Xangô, com dois gumes, que corta dos dois lados, simbolizando a justiça, depois sincretizado com a representação cristão de São Jerônimo, doutor da igreja que atuou como filósofo, teólogo, exegeta e historiador, o padroeiro dos ensinos bíblicos e dos estudiosos da Bíblia.
Curioso porque nós, espíritas, temos a obra de Kardec como referência fundamental e inafastável. Mas, os ditos espíritas, os que compõem a maioria de vinculados à grupos e instituições, assim como os simpatizantes, defendem e praticam outra coisa. Dizem que Kardec é difícil e, talvez, decorridos praticamente cento e sessenta anos, está “desatualizado”. Daí preferirem o conteúdo de romances “espíritas” e de outros títulos, seja assinador por encarnados ou desencarnados, como “breves recados” ou “respostas pontuais para tudo”. É a síndrome do “Espiritismo Explica” ou do “Visão Espírita de” ou, ainda, dos temas “à luz do Espiritismo”. O estudo sério, a partir dos pressupostos espíritas e apontando as discrepâncias de outras literaturas em relação às trinta e duas obras de Kardec, passa longe.
Palavras vazias
Seja nas ruas, nos ambientes sociais e nos familiares, como no das instituições espíritas, o fascinado só vê o que quer, só ouve o que lhe convém e condena o outro, se colocando numa posição de superioridade.
Acusa os que trazem para casa espírita os temas ditos polêmicos, de justiça social, mas (quase) nada faz para mudar a condição daquele necessitado. A caridade, sem assumir o protagonismo para o combate aos problemas sociais, converge para a manutenção do status quo, com cada privilegiado em seu lugar. Lá fora, os mais necessitados continuam se multiplicando a cada dia, e muitos vivem ao léu, nas sarjetas, embaixo das marquises das lojas, das pontes, dos viadutos.
De outra sorte, continuam, fascinados e fanáticos, repetindo uma “diretriz” (que não se sabe, ao certo, de onde veio, mas que é comum nos “arraiais” espíritas) que pode ser traduzida por “Deus no Comando”, “Os Espíritos nos secundam”, “Nada acontece sem ser da vontade de Deus” e “o progresso opera com, sem ou apesar dos homens” e quejandos.
Quando se fala na necessidade de mudança… Ahhh! – repulsa!
Quando se fala o Espiritismo ser progressista… Não! Progressista é bandeira política – e abundam os conservadores!
E quando se terceiriza a responsabilidade, atribuindo aos “desencarnados” a condução do processo e que todos estamos subservientes a Deus, anulamos as premissas do livre arbítrio e a da ação social, pois o Espiritismo visa a transformação do indivíduo para que ele, renovado, transforme o coletivo, a sociedade.
Por isso, tanto os indivíduos quanto o povo que não olham para suas próprias mazelas continuam alimentando o monstro que segue à espreita. E. quando a ideologia fascista, porque fascinada e fanática travestida em projeto político-social se une à religião, ao nacionalismo, ao radicalismo, estamos diante de uma ameaça real e permanente, que arregimenta exércitos de inocentes.
Muitos desses inocentes estão nas hostes espíritas, com seus discursos fáceis, mas pobres em lógica espírita. Vamos antes de terminar, dar alguns exemplos. Se se trata de direitos dos indígenas – vide a tragédia dos Yanomamis – eles já se antecipam em mencionar “expiações” de fatos pregressos, em que “foram” (quem lhes dá o direito de inventar isso!!!) conquistadores e invasores, que recebem, agora, a “paga” por crimes do passado. Se se trata de moradores de rua, ou de trabalhadores sem-terra, ou de moradores de rua, assim como os viciados em nossas cidades, mencionam “resgates” ou “lições” para fortalecimento de virtudes. Como se isto fosse possível! Como se a misericórdia universal colocasse fardos tão pesados nesses ombros leves. E quando se trata dos trabalhadores explorados, dos salários indignos, dos subempregos, diz-se que é necessário passar pelas dificuldades para moldar o caráter ou se assim recebem é porque mereceram, é “inferioridade espiritual”. Criam, assim, uma falsa ideia de meritocracia que se alimenta da origem, da genealogia, do sobrenome ou da pátria (sim, olha ela aqui de novo), para justificar que uns merecem, outros não, justificando com seus pseudoespiritismos os privilégios de castas!
Ora, todos temos direito à vida, mas uma vida decente onde possamos ter a possibilidade de comer, estudar, trabalhar. De que nos adianta viver assim, sufocados, prisioneiros de uma moral transversa, mortos por dentro?
Como cantaram os Titãs, os direitos são vários: “a gente não quer só dinheiro… a gente quer diversão e arte”. Por nenhum direito a menos!
Então, um dia, uma hora, todos vislumbram seu momento de epifania – aquele sentimento que expressa uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo – e, tal qual num filme, o quadro muda e a realidade passa a ser outra… No momento ela é apenas uma pálida esperança, mas que vai ganhando corpo e cor, quando pulsa no outro e se completa, pois continua na luta de cada ser que deseja um mundo mais justo, mais humano.
Espiritualmente, então, temos a responsabilidade individual-espiritual de colaborarmos para o progresso e não embaraçá-lo como vemos na obra primeira. Isto no ritmo e no percurso de sermos, a cada dia, melhores do que somos.
É hora de buscar a nossa verdadeira essência espiritual, que deixa de lado as numerosas mensagens de “conteúdo edificante”, mas calcadas em palavras vazias.
Se os fanáticos confiscaram a razão e seguem sem pensar, ansiando pela eternidade de seus privilégios e ideologias, desejamos e trabalhamos, a cada dia, para que um fascinado, depois outro e outro, despertem de seus sonhos letárgicos e perturbados, afastando-se do fascismo que campeia e nos observa, esperando a “deixa” para ocupar espaço. Trabalhamos para conscientizar, educar e transformar, erradicando o fascismo de nossas vidas e conjunturas e, como espíritas, atendendo mediunicamente os fascinados, para que estes possam, de vontade própria, abandonarem o fanatismo que suga suas forças.
Com Kardec, sempre!
Apesar de todos espiritas, “o fanatismo
e a inteligência nunca moram na mesma casa”. (Ariano Suassuna) espiritismo, “pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar”. (Carl Sagan). Parabéns, artigo excelente.
Meus amigos, que texto soberbo. A analogia dos fascinados movidos por ideias fantasmagóricas tais como os moinhos de vento de Don Quixote de La Mancha, tão magistralmente criados por Cervantes é excelente para classificar essas mentes quase perturbadas com ideias enviesadas que consideram “politicamente correctas. Parabéns aos autores.