Conselho de Gestão do ECK |
As balizas éticas do Espiritismo, portanto, foram, são e devem continuar sendo as de fraternidade, caridade, benevolência, amor e justiça.
Nada, absolutamente, distante disto. Jamais.
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Na foto, visão atual da Rua De Valois, local onde funcionou a primeira sede da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Por este local Allan Kardec andava quase diariamente em busca da concretização da missão de sua vida: a Codificação Espírita. *Foto publicada no Veículo de Comunicação da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo
As balizas éticas do Espiritismo, portanto, foram, são e devem continuar sendo as de fraternidade, caridade, benevolência, amor e justiça.
Nada, absolutamente, distante disto. Jamais.
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Sim, o ECK sonha! Mas de olhos (bem) abertos. Porque sonhar é preciso, tal como navegar, e não impreciso, quanto viver. Quantos sonhos, afinal, planejados e acalentados viraram realidade? Já disse o inesquecível Poeta-Metamorfose-Ambulante, que “o sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas).
Seguimos acreditando numa conciliação possível entre saberes, entendimentos, crenças, liturgias, ciência e filosofia, com a ética permeando todas as relações humanas e incentivando os homens (Espíritos encarnados) a serem melhores do que foram e são.
Aquele Professor francês também sonhava… E ele insculpiu em inúmeras dissertações, na “Revue Spirite” e em textos autorais nas suas demais obras, as fundamentais e as complementares, o seu sonho para um meio espírita (expressão muito feliz e acertada de Herculano Pires) que convivesse em mais absoluto respeito às diferenças.
Ao apresentar a sua (nossa) Revista ao segmento espiritista, logo na “Introdução” do primeiro fascículo mensal (janeiro de 1858), entre os 136 que publicou até abril de 1869, ele escreveu: “Numa palavra, discutiremos, mas não disputaremos”. Assim, as balizas éticas do Espiritismo, portanto, foram, são e devem continuar sendo as de fraternidade, caridade, benevolência, amor e justiça. Nada, absolutamente, distante disto. Jamais.
De outra sorte, Rivail-Kardec escreveu, quase no “apagar de luzes” de sua tarefa principal na Doutrina dos Espíritos, a “Constituição Transitória do Espiritismo”, na edição de dezembro/1868 da “Revue”, em que diferencia a Filosofia da Prática em nome do Espiritismo: “A Doutrina é, sem dúvida, IMPERECÍVEL, porque repousa sobre as leis da Natureza e que, melhor que qualquer outra, responde às legítimas aspirações dos homens; entretanto sua difusão e sua instalação definitiva PODEM SER ADIANTADAS OU RETARDADAS por circunstâncias, algumas das quais estão subordinadas à marcha geral das coisas, mas outras são inerentes à própria Doutrina, à sua constituição e à sua organização; é destas que temos que nos ocupar especialmente no momento” (grifos nossos).
Nesta mesma dissertação de sua própria lavra, ele fala não só das contendas inter-espíritas daquele tempo, como as do nosso (e, ainda, talvez, das gerações seguintes), em “Os Cismas”. Nele, ele afirma que “o Espiritismo não pode escapar às fraquezas humanas”, recomendando que nós, espiritistas, pudéssemos paralisar as consequências de tais fraquezas.
Depois, ele estabelece(u) três premissas para que o Espiritismo logre o sucesso de ser entendido pelos homens de todas as épocas e todos os povos: 1) que sejam precisa e claramente explicitadas todas as partes da Doutrina, “sem nada deixar no vazio”; 2) que sempre se busque o “círculo das ideias práticas”, materializando as (hoje) utopias e não inserindo, no Espiritismo, quimeras na forma de princípios, as quais seriam de pronto rejeitados pelos “homens positivos”, isto é, os de Ciência; e, 3) que a baliza fosse a da progressividade, não alimentando “sonhos irrealizáveis”, acompanhando as ciências e não “fechar a porta a nenhum progresso [físico ou metafísico], sob pena de suicidar-se” e, deste modo, o Espiritismo jamais seria (será) ultrapassado.
Por fim, Kardec estabelece o Espiritismo enquanto meio como um projeto coletivo, designando competências a um “Comitê Central”, um “conselho superior permanente”, com “doze membros titulares […] e um número igual de conselheiros”, com uma presidência rotativa, ano a ano, com meras atribuições administrativas. A AUTORIDADE MAIOR da Doutrina, assim, não seria conferida nem a pessoas nem a instituições – como se tornou comum no Espiritismo à brasileira, dotando indivíduos e entidades de poderes soberanos e abrangentes, por longos períodos ou permitindo-se reeleições para tal mister. Seria, do contrário, o poder dos CONGRESSOS, “formados por delegados das sociedades particulares” (isto é, as instituições espíritas, pessoas jurídicas de direito privado), representando, assim, e sempre, conforme as palavras do Mestre, uma “opinião coletiva” e uma “autoridade moral”, um “ser coletivo”.
E, continuando, Kardec nos dá uma lição de humildade, sabedoria e clarividência, como a prever o que os espíritas (do Brasil e do mundo) fizeram DO Espiritismo: “A causa mais comum de divisão entre cointeressados é o conflito de interesses e a possibilidade de um suplantar outro em seu proveito”. E, por consequência, trabalhos e trajetórias estanques SEM QUALQUER ESFORÇO de diálogo e construção coletiva do conhecimento.
Assim, diante do “status quo” vigente, que é o da existência de um “movimento” consolidado desde 1948, majoritário e de uma corrente contra hegemônica que se autodenomina laica (não religiosa), vigente há décadas com o aprofundamento dos vales que as separam, uma à outra, o Grupo “Espiritismo COM Kardec – ECK”, que entende o Espiritismo tal qual nos cunhou Kardec, como uma “filosofia espiritualista de base científica e consequências morais”,
DECLARA:
1- A adesão permanente ao cânone do livre pensamento espírita, que permite a cada um de per si, enquanto individualidade inteligente (Espírito) e aos coletivos (grupos e instituições espíritas) optarem por “modelos” de entendimento e prática, segundo suas consciências (individuais e coletivas), respeitados os princípios fundamentais do Espiritismo;
2- A persistência na sua atuação condizente a UNIR os espíritas de qualquer segmento ou denominação, fomentando, propondo e participando de reuniões e eventos onde todas as vertentes espíritas estejam consideradas e contempladas;
3- A continuidade de seu trabalho autônomo e independente, não se filiando (nem formal nem informalmente) a qualquer iniciativa que seja parcial e não aglutinadora de TODO o meio espírita;
4- A manutenção da sua prática de dialógica e da dialética espíritas no trato, nas relações e nas ações dentro e fora do meio espírita e, mais particularmente, em face dos “dois” movimentos, religioso (majoritário) e laico, envidar todos os esforços para aproximação entre ambos, permanecendo no fraterno diálogo e na celebração de parcerias com todos os representantes de um e de outro;
5- A expressão verdadeira do amor fraterno entre os Espíritos, buscando, o ECK, promover conciliações e entendimentos entre aqueles que, principalmente, no âmbito espiritista, estejam distantes e sem qualquer atitude de correlacionamento.
Nos permitimos continuar sonhando!
Brasil, setembro de 2024.
Conselho de Gestão do Grupo Espiritismo COM Kardec (ECK)
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O ECK sonha (Editorial)
Excelente ECK! Ontem como hoje, minha identidade como espírita laico, reafirmo!
Com carinho deixo aqui o meu agradecimento por um dia alguém me ter convidado a fazer parte do ECK. Com todos vocês aprendo algo novo todos os dias. Gratidão pelo testemunho que presencio neste ECK, a solidariedade, a partilha de conhecimentos a fraternidade, o respeito pelo livre pensamento, para além de muitas outras premissas.
Pode até parecer um chavão ou soar pejorativo, mas isso não me importa. Diante do que observamos no meio espírita, e considerando a seriedade e o respeito ao legado de Allan Kardec que testemunho neste grupo, repito sempre: cada vez mais sou ECK. Sim, meus amigos, permitam-me sonhar junto com vocês. Agora, é trabalhar, meus caros.