Períodos Espíritas – Fases de Uma Transição Consciente

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Períodos Espíritas

Com sua personalidade cientifica e alta capacidade para sintetizar conteúdos complexos de forma didática, Allan Kardec reuniu as mensagens dos mentores com os informes recebidos diariamente por cartas de grupos espalhados geograficamente. Aliada a estes dados havia ainda a forte impressão causada pelas seis semanas em que ele empreendeu uma viagem por mais de vinte cidades em 1862. Naquela ocasião o codificador teve contato direto com os espíritas e pode observar os impactos da doutrina no dia a dia daqueles grupos.

Na Revista Espírita, de dezembro de 1863, Allan Kardec publicou suas impressões sobre os rumos do Espiritismo, divido em seis fases, ou períodos, com características especificas:

O Primeiro Período, da “Curiosidade”.

Iniciado em 31 de março de 1848 com o caso de Hydesville, triste história das irmãs Fox e a sequência de fenômenos físicos que se seguiram, como as famosas mesas girantes que atraiam um publico diverso e na maioria despreocupados quanto aos significados científicos daquelas experiências.

O Segundo Período, chamado de “Filosófico”.

Iniciou em 18 de abril de 1857, quando foi publicado em Paris “O Livro dos Espíritos” trazendo ao público as consequências morais do Espiritismo, agora não mais um objeto de diversão curiosa, mas uma Ciência Filosófica embasada em análises, comparações, estudos e pesquisas.

Rapidamente aceito e difundido o Espiritismo respondia as indagações dos teóricos e indicava um norte seguro aos que buscavam respostas além dos limites impostos ao conhecimento daquela época.

A publicação de “O Livro dos Médiuns” em 15 de janeiro de 1861 coroava a doutrina com instruções práticas e métodos seguros, que permitiam a todos os grupos experimentar e comprovar o Espiritismo.

Era uma ameaça que as tradições dominantes, das religiões e do materialismo, não tardariam em responder, pois afetava diretamente o domínio que exerciam sobre as mentes da humanidade.

Em um primeiro momento tentaram desacreditar de forma jocosa o nascente movimento, mas suas piadas não tiveram força suficiente para vencer os fatos. Passaram então aos ataques por sermões contundentes, excomunhões, perseguições, calúnias e violência.

O Terceiro Período, de “Luta”.

Começou oficialmente no dia 09 de outubro de 1861, com o Auto da Fé de Barcelona, quando trezentas publicações foram queimadas em praça pública.

No ano de 1863, Allan Kardec encontrava-se em pleno período de confrontos e recebia a inspiração dos mentores quanto aos caminhos a serem seguidos:

… Estamos, pois, em pleno período de luta, que não terminou. Vendo a inutilidade dos ataques a céu aberto, vão ensaiar a guerra subterrânea, que se organiza e já começa. Uma calma aparente vai ser sentida, mas é a calma precursora da tempestade…”

E a comunicação do espírito Erasto, na mesma Revista Espírita em dezembro de 1863, era clara:

… Não vos martirizarão corporalmente, como nos primeiros tempos da Igreja; não erguerão fogueiras homicidas, como na Idade Média, mas vos torturarão moralmente; armarão ciladas, armadilhas tanto mais perigosas quanto usarão mãos amigas; agirão na sombra; recebereis golpes, sem que saibais de onde partem, e sereis feridos em pleno peito pelas setas envenenadas da calúnia. Nada faltará às vossas dores; suscitarão defecções em vossas fileiras e os pretensos espíritas, perdidos pelo orgulho e pela vaidade, se prevalecerão de sua independência, exclamando: “Somos nós que estamos no caminho certo”, a fim de que os vossos adversários natos possam dizer: “Vede como são unidos” Tentarão semear o joio entre os grupos, provocando a formação de grupos dissidentes; cooptarão os vossos médiuns para fazê-los entrar no mau caminho ou para desvia-los dos grupos sérios; empregarão a intimidação para uns, a captação para os outros; explorarão todas as fraquezas. Depois, não esqueçais que alguns viram no Espiritismo um papel a desempenhar, e um papel de primazia, que hoje experimentam mais de uma desilusão em sua ambição. Prometer-lhes-ão de um lado o que não puderem achar no outro. Depois, enfim, com dinheiro, tão poderoso em vosso século atrasado, poderão encontrar comparsas para representar indignas comédias, visando a lançar o descrédito e o ridículo sobre a doutrina…

Prevendo o final do Período de Lutas, Allan Kardec antevia os próximos períodos que poderiam ser esperados:

O Quarto Período, “Religioso” ou “Fase Teológica do Espiritismo”.

De breve duração, como o romper das correntes que prendem o Espírito, seria logo superado.

O Quinto Período, ou “Fase Intermediária”.

Onde elementos das fases anteriores ainda estariam presentes, mas ajustando-se em entendimento mútuo e abrindo caminho para o último momento.

O Sexto Período, ou de “Regeneração Social”.

Enfim a humanidade realizaria o progresso interno capaz de nos trazer a noção do nosso verdadeiro dever. As pessoas compreenderiam que a cooperação não pode ser imposta por leis enquanto o egoísmo não for superado internamente e todos decidirem livremente pela solidariedade como opção consciente de evolução moral.

Nas previsões otimistas de Kardec, este último período deveria nascer no inicio do século XX, marcando o que hoje conhecemos como Transição Planetária.

Eram suposições lógicas com bases nos fatos anteriores, mas a “guerra subterrânea” promovida pelos opositores do ideal espírita teve sucessos que modificaram o ritmo de acontecimentos inicialmente previsto.

Hoje, de posse dos conhecimentos atuais dos rumos tomados naquele tempo, considero o inicio do Quarto Período, ou “Fase Teológica do Espiritismo”, no dia 15 de abril de 1864 com a publicação em Paris do “Evangelho segundo o Espiritismo”.

Este período religioso desenvolveu-se com a publicação de “O Céu e o Inferno” em 01 de agosto de 1865 e terminou três anos depois.

O Quinto Período, ou “Fase Intermediária”, iniciou com a publicação, em 06 de janeiro de 1868, do conteúdo original da obra “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”.

Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869 nos deixando a missão de superar a “Fase Intermediária” compartilhando o conhecimento para que a última fase tivesse inicio em breve.

Porém, entre disputas pela primazia e pelo poder de decisão quanto aos rumos do movimento, a “guerra subterrânea” foi mantida. Seus esforços impediram o avanço da “Fase Intermediária” e tentam até hoje o retorno da “Fase Teológica”.

Chegamos ao século XXI ainda nos debatendo no “Período Intermediário” com representantes de diversos ramos disputando um poder ilusório enquanto o conhecimento vai, pouco a pouco, sendo esquecido.

O dever moral nos impele a resgatar as palavras do codificador fazendo que “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo” realmente marque o fim da “Fase Teológica” e ilumine nossos passos conscientes na superação da “Fase Intermediária”.

O planeta não evolui sozinho, não existe Transição Planetária sem a participação de todos impulsionando a solidariedade como uma rede em sintonia.

Por muito tempo, ouvi teorias de cataclismos, cometas condutores e exílios em mundos distantes, mas hoje percebo que eram apenas ilusões nos impedindo de ver a verdade:

Continuaremos indefinidamente nas trevas da imperfeição e da ignorância enquanto não dermos o primeiro passo no caminho do conhecimento, como senhores e personagens principais da nossa própria evolução espiritual.

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