Saber envelhecer: psicología do Espírito [1], por Jon Aizpúrua (Português e Espanhol)

Tempo de leitura: 10 minutos

Jon Aizpúrua

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“A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte”, Gandhi.

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Graças aos avanços científicos, os seres humanos estão continuamente aumentando suas expectativas de quanto tempo podem viver. Os dados são alarmantes: em 1800, a expectativa de vida média em todo o mundo era inferior a quarenta anos; agora, uma em cada duas crianças nascidas chegará aos 100 anos. E para entender isso corretamente, precisamos colocar isso no contexto do crescimento populacional do planeta. Em apenas três décadas deste Século, chegaremos a dez trilhões. Tal aumento traz consigo consequências de todos os tipos: demográficas, econômicas, sociais, políticas, de saúde, educacionais e, não menos importante, de ordem psicológica ou espiritual.

Com base nesses números e em outros oferecidos por estudos populacionais, pode-se afirmar que a velhice não é mais um período limitado e breve, reservado a uma minoria da sociedade, mas constitui uma etapa longa e completa no caminho da vida, embora isso não signifique que o simples fato de permanecer mais tempo na Terra deva ser considerado um objetivo em si mesmo, pois o que é verdadeiramente significativo e belo é fazer todo o possível para viver muitos anos em plenitude. Uma expressão frequentemente usada captura muito bem essa ideia: “Não se trata de adicionar mais anos à sua vida, mas de adicionar mais vida aos seus anos”.

Talvez essa tenha sido a mensagem que os antigos gregos pretendiam transmitir quando criaram o mito da imortalidade sem juventude, estrelado pelo jovem Tithonus, para quem Eos, seu amante, obteve dos deuses a vida eterna, mas se esqueceu de pedir que o acompanhassem sempre a beleza e o vigor, condenando-o a definhar infinitamente. Na verdade, praticar a arte de viver implica aprender a envelhecer, e isso se consegue quando nos aceitamos como somos e como envelhecemos com total naturalidade, e a partir daí nos preparamos para aproveitar a vida com bom ânimo, alegria e entusiasmo. Vale lembrar que em sua escola em Crotona, o sábio Pitágoras ensinava aos seus discípulos a arte de viver a velhice, dizendo-lhes que “uma bela velhice é a recompensa de uma bela vida”.

A idade não pode e não deve ser critério de exclusão. Funções cognitivas, criatividade, experiência e estabilidade emocional tornam-se mais importantes à medida que a vida avança. Em países altamente desenvolvidos, obrigar um professor universitário, cientista, juiz ou profissional de qualquer área a se aposentar aos 70 anos é um grave erro. Seu valor não pode ser medido de forma tão simples, pois o que realmente importa é se ele segue sendo útil e eficiente. São inúmeros os casos de pessoas da chamada “terceira idade” que demonstram, com sua clareza mental e vigor, estar em excelentes condições para a realização bem-sucedida das atividades produtivas ou recreativas que desejam levar a bom termo, deixando para trás os velhos clichês de septuagenários e octogenários cheios de enfermidades e severamente incapacitados. Nessas idades, ainda há muita vida pela frente e muito a fazer. Este não é um conceito novo, embora seja frequentemente esquecido em sociedades como a de hoje, onde o conhecimento dos idosos é menosprezado e a preferência é dada aos computadores. Talvez ninguém como Marco Túlio Cícero, o destacado político, jurista e filósofo da Roma pré-cristã, tenha exposto com maior brilho e riqueza de precisão as virtudes e qualidades das pessoas mais velhas, como fez em seu tratado “De Senectude” (“Saber Envelhecer”), uma comovente exaltação dessa fase da vida.

É claro que não podemos negar que, com o passar do tempo, certas condições físicas e mentais diminuem, mas, em compensação, nossa visão de mundo muda e se expande, e o que perdemos em força e vitalidade, ganhamos em reflexão, experiência e autoridade. Obviamente, essa avaliação está relacionada à nossa atitude mental, à nossa filosofia pessoal, às nossas convicções sobre o ser e o propósito da existência. E embora possa parecer um lugar-comum, é verdade que a juventude, mais do que uma fase da vida, é um estado de Espírito. Picasso escreveu uma vez que “quando você é realmente jovem, você é jovem para a vida toda”, e certamente todos nós conhecemos septuagenários, octogenários e até nonagenários que eram alegremente jovens e felizes. Um velho é, em suma, alguém que considera sua tarefa cumprida e acabada e, consequentemente, levanta-se sem objetivos e vai dormir sem esperança.

Saber envelhecer é uma demonstração de maturidade emocional e espiritual e é fruto de um aprendizado contínuo que nos conduz à harmonia através do desfrute sereno das diversas circunstâncias que nos cercam, mesmo as mais difíceis e amargas, que devem ser aceitas e assumidas com fortaleza e dignidade, sem querer renunciar à disposição de superá-las. Um antigo provérbio Zen nos oferece um excelente conselho: “Nichi nichi kore kojitsu” (“Todo dia é um bom dia”). A velhice chega, nada pode detê-la, mas cabe a cada um de nós acolhê-la com alegria ou tristeza e vivê-la intensamente ou não.

E por falar em conselhos, quando se trata de envelhecer com boas condições físicas e mentais, vale a pena considerar ideias como as seguintes:

O passado não deve ser priorizado. O passado é o que foi e não há como voltar atrás. Você tem de levar isso em conta para aprender com o que aconteceu, mas deve viver o presente e pensar no futuro com razoável otimismo. A prestigiada psicóloga chilena Pilar Sordo afirma que a velhice chega quando as memórias têm precedência sobre os projetos.

Alcançando a paz interior. Em meio a vicissitudes amargas, caos, conflito, dor ou desgosto, mantenha a calma e a alegria e seja um refúgio para si mesmo e para os outros. A paz interior é uma conquista espiritual formidável, extremamente saudável, e é a melhor demonstração do seu modo de ser e viver. Para isso contribuem a reflexão e a meditação, assim como cultivar o hábito da leitura, principalmente de bons textos, aqueles que instruem, orientam e divertem, alimentando o desejo de saber.

Exercite o corpo. É necessário praticar exercícios físicos regularmente, adaptados às condições e possibilidades de cada indivíduo. É sabido que a mobilidade física previne o aparecimento de inúmeras doenças e melhora o bem-estar físico e mental. Trabalhe o máximo que puder, seja com suas mãos ou com sua mente. Esta é uma poderosa demonstração de dignidade que lhe dará grande satisfação e aumentará a impressão de se sentir vivo e útil à sociedade. O maior bem vem de uma mente sã em um corpo são, então você deve agir de acordo.

Faça do amor o impulso vital. Ame sua vida e a vida em geral. Ame as pessoas ao seu redor, começando pelas mais próximas, com quem você tem laços de consanguinidade ou afinidade, e vá ampliando aos poucos o alcance dos seus sentimentos, e seja capaz de encontrar a sua própria felicidade na felicidade dos outros. Não é verdade que deixamos de amar quando envelhecemos, mas sim que envelhecemos justamente porque deixamos de amar. O amor, sentido e vivenciado na correria do dia a dia, é o fundamento de um código moral pessoal, familiar e social, que se traduz na prática incondicional do bem, da honestidade, da generosidade, da solidariedade e na vivência da fraternidade universal.

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Somos Espíritos em perpétuo processo de crescimento, maturação e evolução.

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A Doutrina Espírita se concentra nessa linha de pensamento positivo, impulsionada pelas novas tendências da psicologia contemporânea. Sua filosofia, eminentemente racionalista e humanista, nos faz compreender que somos Espíritos em perpétuo processo de crescimento, maturação e evolução, e esse conceito luminoso está esplendidamente resumido no conhecido aforismo kardequiano: “Nascer, morrer, renascer e progredir sem cessar, tal é a lei”. Fomos e seremos novamente, em cada existência, crianças, jovens, adultos e idosos, como fases transitórias e indispensáveis ​​que se replicam incessantemente em toda a extensão do processo palingênico, do qual o Espírito imortal sempre sai vitorioso.

Conscientes, então, de nossa realidade espiritual e transcendência, aceitemos calmamente as circunstâncias de nossa cronologia particular. Sejamos a idade que temos com honestidade e sem concessões à pretensão, e aproveitemos as forças que possuímos respeitando os ritmos de cada idade. A maneira como encaramos a velhice determinará a diferença entre suportá-la de forma resignada e cansada, ou vivê-la e desfrutá-la com qualidade e felicidade.

Nota do ECK:

[1] Artigo escrito originalmente em espanhol, traduzido por Marcelo Henrique.

Imagem de 🌸♡💙♡🌸 Julita 🌸♡💙♡🌸 por Pixabay

 

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Saber envejecer: psicología del Espíritu [1]

Jon Aizpúrua

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“El arte de la vida consiste en hacer de la vida una obra de arte”, Gandhi.

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Gracias a los avances de la ciencia, el ser humano aumenta de forma continua sus expectativas sobre la edad que puede alcanzar a vivir. Impresionan los datos: en 1800 el promedio de vida en el mundo no llegaba a cuarenta años, ahora, uno de cada dos niños que nace llegará a ser centenario. Y esto, para entenderlo debidamente, hay que colocarlo en el contexto del crecimiento de la población en el planeta. En apenas tres décadas de este Siglo se alcanzará la cifra de diez billones. Semejante incremento trae consigo consecuencias de todo orden, demográficas, económicas, sociales, políticas, sanitarias, educacionales y, no menos importantes, las de naturaleza psicológica o espiritual. 

Por estos números y otros que ofrecen los estudios sobre las poblaciones, se puede asegurar que la vejez ya no es un período limitado y breve reservado a una franja minoritaria de la sociedad, sino que constituye un largo y completo estadio en el camino de la vida, aunque no por ello deba tenerse como un objetivo en sí mismo el solo hecho de permanecer más tiempo en la tierra, puesto que lo realmente significativo y hermoso es hacer todo lo posible para vivir muchos años a plenitud. Una expresión de uso frecuente refleja muy bien esta idea: “No se trata de darle más años a tu vida, sino de darle más vida a tus años”.

Posiblemente fuera este el mensaje que quisieron trasmitir los griegos antiguos cuando crearon el mito de la inmortalidad sin lozanía protagonizado por el joven Titono, para quien Eos, su amante, consiguió de los dioses la vida eterna, pero olvidó pedirles que siempre le acompañaran la belleza y el vigor, condenándolo a marchitarse interminablemente. En verdad, ejercitar el arte de vivir implica aprender a envejecer y esto se consigue cuando nos aceptamos como somos y de la edad que somos con total naturalidad, y nos disponemos sobre esa base a disfrutar de la vida con buen ánimo, alegría y entusiasmo. Vale la pena recordar que en su escuela de Crotona el sabio Pitágoras enseñaba a sus discípulos el arte de vivir la vejez diciéndoles que “una bella ancianidad es la recompensa de una bella vida”.

La edad no puede ni debe ser criterio de exclusión. Las funciones cognitivas, la creatividad, la experiencia y la estabilidad emocional cobran mayor peso según avanza la existencia. En países muy adelantados, forzar la jubilación a los 70 años de un catedrático universitario, de un científico, un magistrado, o de un profesional de cualquier área, constituye un mayúsculo error. Su valía no puede medirse de una manera tan simple, pues lo realmente importante deviene de ser o no ser útil y eficiente. Son innumerables los casos de personas de la denominada “tercera edad” que demuestran con su lucidez mental y su brío que se hallan en magníficas condiciones para la realización exitosa de las actividades productivas o recreativas que desean llevar a feliz término, dejando sin vigencia los rancios clichés de septuagenarios y octogenarios llenos de achaques y severamente disminuidos. A esas edades queda mucha vida por delante y mucho por hacer. Esto no es un concepto nuevo aunque suele ser olvidado en sociedades como las actuales en las que se menosprecian los saberes del anciano y se concede preferencia a los ordenadores. Quizás nadie como Marco Tulio Cicerón, sobresaliente político, jurista y filósofo de la Roma precristiana, haya expuesto con mayor brillo y lujo de aciertos las virtudes y cualidades de las personas mayores, como lo hiciese en su tratado “De Senectute”, conmovedora exaltación de esa etapa vital.

Por supuesto, no podemos negar que con el paso del tiempo merman determinadas condiciones físicas y psíquicas, pero en compensación nuestra visión del mundo cambia para expandirse y lo que se va perdiendo en fuerza y vitalidad se va ganando en reflexión, experiencia y autoridad. Como es obvio, esta valoración guarda relación con nuestra actitud mental, con nuestra filosofía personal, con nuestras convicciones acerca del ser y la finalidad de la existencia. Y aunque parezca un lugar común, es cierto que la juventud, más que un tiempo de la vida, es un estado del Espíritu. En cierta ocasión Picasso escribió que “cuando se es joven de verdad, se es joven para toda la vida”, y ciertamente, todos hemos conocido septuagenarios, octogenarios y hasta nonagenarios gozosamente jóvenes y felices. Viejo es, en definitiva, aquel que considera que su tarea está cumplida y terminada, y en consecuencia, se levanta sin metas y se acuesta sin esperanzas.

Saber envejecer constituye una demostración de madurez emocional y espiritual, y es el fruto de un aprendizaje continuo que nos lleva hacia la armonía mediante el disfrute sereno de las diversas circunstancias que nos rodean, aún las más difíciles y amargas, las cuales han de ser aceptadas y asumidas con entereza y dignidad sin que ello signifique renunciar a la disposición de superarlas. Un antiguo proverbio zen nos ofrece un excelente consejo: “Nichi nichi kore kojitsu” (“Cada día es un buen día”). La vejez llega, nada puede impedirlo, pero de cada uno de nosotros depende recibirla con alegría o con tristeza y vivirla o no a plenitud.

Y hablando de consejos, cuando de envejecer en buenas condiciones físicas y psíquicas se trata, conviene tener en cuenta ideas como las siguientes:

No se ha de priorizar el pasado. El pasado es lo que fue y ya no se puede regresar a él. Has de tomarlo en cuenta para aprender de lo sucedido, pero debes vivir en el presente y pensar en el porvenir con razonable optimismo. Sostiene la prestigiosa psicóloga chilena Pilar Sordo que la vejez llega cuando los recuerdos se imponen a los proyectos.

Alcanzar la paz interior. En medio de amargas vicisitudes, del caos, de los conflictos, del dolor o del desamor, mantén la calma, no pierdas la alegría y sé refugio para ti mismo y para los demás. La paz interior es una formidable conquista espiritual, sumamente saludable, y es la mejor demostración de tu forma de ser y de vivir. A lograrla contribuyen la reflexión y la meditación, así como el cultivo del hábito de la lectura, en particular de los buenos textos, de aquellos que instruyen, orientan y divierten, nutriendo tu afán de saber.

Ejercitar el cuerpo. Es necesario realizar ejercicio físico con regularidad, adaptado a las condiciones y posibilidades de cada quien. Bien se conoce ya que la movilidad corporal previene la aparición de numerosas enfermedades y mejora el bienestar físico y mental. Trabaja hasta que puedas, sea con las manos o con la mente. Esa es una poderosa demostración de dignidad que te ha de proporcionar grandes satisfacciones y aumentará la impresión de sentirse vivo y de ser útil a la sociedad. El mayor bien deriva de una mente sana en un cuerpo sano, por lo que debes obrar en consecuencia con este principio.

Hacer del amor el impulso vital. Ama tu vida y a la vida en general. Ama a las personas que te rodean, comenzando con las más cercanas con quienes existen vínculos de consanguinidad o de afinidad, y prosigue ampliando paulatinamente el radio de acción de tus sentimientos, y sé capaz de encontrar en la felicidad de los otros tu propia felicidad. No es cierto que se deja de amar cuando se envejece, sino que se envejece porque precisamente se deja de amar. El amor sentido y experimentado en el trajín de cada día es el fundamento de un código moral personal, familiar y social, que se traduce en la práctica incondicional del bien, en la honradez, en la generosidad, en la solidaridad, en la vivencia de la fraternidad universal.

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Somos Espíritus en perenne proceso de crecimiento, maduración y evolución.

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La Doctrina Espírita se enfoca en esta línea del pensamiento positivo, impulsada por las nuevas tendencias de la psicología contemporánea. Su filosofía, eminentemente racionalista y humanista, nos hace comprender que somos Espíritus en perenne proceso de crecimiento, maduración y evolución, y este concepto luminoso se halla espléndidamente resumido en el conocido apotegma kardeciano: “Nacer, morir, renacer y progresar sin cesar, tal es la ley”. Hemos sido y volveremos a ser, en cada existencia, niños, jóvenes, adultos y ancianos, en tanto que fases transitorias e indispensables que se replican incesantemente a lo largo y extenso del proceso palingenésico, del cual siempre emerge victorioso el Espíritu inmortal.

Conscientes, pues, de nuestra realidad y trascendencia espiritual, asumamos con tranquilidad las circunstancias de nuestra particular cronología, seamos de la edad que somos con honestidad y sin concesiones al fingimiento y aprovechemos las fortalezas de las que disponemos respetando los ritmos propios de cada edad. En la manera como encaremos la vejez, estará la diferencia entre sobrellevarla de manera resignada y mustia, o vivirla y disfrutarla con calidad y felicidad.

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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