Por Henry Netto
Ser Espírita depende muito do conhecimento e da prática, consequente, do Espiritismo. Todas essas fraudes, todas essas distorções têm apenas uma causa, o interesse pessoal.
Somos ESPÍRITOS INFERIORES E ESTAMOS NUM PLANETA MUITO INFERIOR. Por isso a preocupação de Kardec e Erasto quanto a fraudes. A falta do conhecimento do Espiritismo contido essencialmente nas 32 obras de Kardec e, sob as premissas da progressividade e da lei do progresso, em obras escritas por genuínos intérpretes espíritas e aliada ao misticismo muito forte no meio espírita desembocam na a idolatria de em relação a médiuns e Espíritos quase sempre associados em simbiose, pela similaridade ideológica encarados como Espíritos Superiores, santos e benevolentes.
Infelizmente o sentimentalismo – SÓ O QUE IMPORTA É O AMOR – elimina a razão do meio espírita, fazendo com que os espíritas, no Brasil, só se preocupem com o assistencialismo, esquecendo que a divulgação doutrinária e o estudo sério são as principais funções da instituição espírita e dos seus trabalhadores.
O DEVER de denunciar as fraudes de médiuns é uma caridade pois também é configura o zelo pela divulgação doutrinária. A verdadeira caridade também é totalmente desconhecida pelo meio espírita, pois segundo no sentido contido na questão 893 , de “O livro dos Espíritos”: “A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal pelo bem do próximo, sem segundas intenções. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade”. Ou seja, lutar contra a desinformação que se instalou e que perdura entre os espíritas é atitude sensata daquele que se preocupa com os outros, ainda que em muitas situações, os “detentores das verdades” e os pretensos “emissários de Planos Superiores” sigam agredindo aqueles que tem o interesse em revelar os escândalos (“O evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo VIII).
Essa forma transversa, equivocada e distante das orientações de Kardec, em que se pratica o Espiritismo como uma pseudo-religião é a fonte de todos os equívocos contemporâneos, dando azo ao surgimento do misticismo e da idolatria (mitos, encarnados e desencarnados). O espírita sensato deve trabalhar para extirpar em si e nos núcleos espíritas esses comportamentos indevidos, laborando no resgate do legado de Allan Kardec. Com a ressalva de que, em face dos níveis ainda inferiores de progresso individual/coletivo vigentes na Terra,
TUDO isso poderá diminuir, mas infelizmente não acabará. O Espírita não é um religioso com uma fé cega; ele é um cientista FILOSÓFICO e do ponto de vista da aplicação do seu conhecimento ele é questionador. Questionar é da natureza do Espiritismo, e isso só é possível quando o espírita tem o conhecimento que passa pelo estudo reflexivo – e da prática a ele associada – da obra de Kardec.
Imagem de Rosy / Bad Homburg / Germany por Pixabay
Meu amigo, muito bom! Vou contar uma pequena história rápida. Certa vez, tive um breve desentendimento com o mentor da casa que eu frequentava. Ele pedia que tivéssemos paciência, mas sua postura parecia conivente com uma grave infração cometida por um grupo de trabalhadores da casa. Disse que fôssemos caridosos, pois cada um tem o seu tempo, e que todo o mal acabaria por passar. Pasmo, ouvi dos encarnados presentes: ‘Importa estar bem com todos, para o bem de todos.’ Nesse momento, em sentido figurado, percebi o mal passar. Chocado, retruquei: ‘Desculpem-me, mas por não ser um bom menino, e nem desejar sê-lo, permitam-me retirar-me. E fui. Penso que o espiritismo, quando bem sentido, mas não compreendido, jamais nos fará verdadeiros espíritas. Assim, observa-se a criação de igrejas e templos espíritas onde deveríamos ter universidades da alma.